Lisbon Night + Day
2013-05-05, BelémNo primeiro de três “Night + Day” (seguem-se as cidades de Berlim e Londres) os XX mostraram orgulho no evento que criaram e amadurecimento em palco.
Por Lisboa passaram os Chromatics, John Talabot, Mount Kimbie e Paus no palco principal e no coreto montado no meio do jardim da torre de Belém actuaram em formato DJ set, James Murphy, Jamie xx, Kim AnnFoxman, Xinobi e Kalaf (MC).
As primeiras palavras de Oliver Sim para o público que pisava a relva do jardim da Torre de Belém foram dadas com alguma emoção na voz. O baixista e vocalista da banda londrina deu as boas vindas ao primeiro “Night + Day”, de sempre. Disse ainda que tinham planeado este espectáculo durante um ano e que era como se fosse o casamento deles.
Sentia-se alegria por parte dos três XX. Também não poderia ser doutra forma, provavelmente nem eles acreditam ainda em todo o sucesso que têm. Com apenas dois álbuns de originais e com menos de 30 anos conseguem ter já uma legião de fãs e acima de tudo conseguem reunir respeito pela música que fazem.
Se em 2009 alguém lhes dissesse que em 2013 estariam a organizar o seu próprio festival, onde convidariam a actuar alguns dos seus artistas preferidos, também tendo a acreditar que não achariam possível. Mas foi!
E os XX mostraram na sua actuação, enquanto cabeças de cartaz do seu próprio festival, que embora ainda sejam tímidos na abordagem ao público, já atingiram a idade adulta em termos de actuação ao vivo. As músicas estão cada vez mais trabalhadas e mostram mais alma, provavelmente fruto dos quilómetros de estrada. Se hoje ainda são reservados é bom relembrar como eram em 2010. quando os vi pela primeira vez no Porto, na Casa da Música, quando, aí sim, falávamos de três adolescentes tímidos que tocavam o seu homónimo álbum de estreia de uma forma competente e genuína, mas quase a medo. O ano passado no Primavera Sound, em apresentação daquele que seria o seu segundo álbum, “Coexist”, mostraram que tinham uma nova dinâmica nas suas músicas, especialmente nas percussões, embora repetissem a fórmula de sucesso antiga.
A actuação do trio londrino repartiu-se pelo talento de conseguir re-inventar e dar intensidade ao que é criado em estúdio, pela crescente participação de Jamie xx na dinâmica das músicas e que as leva a campos mais dançáveis. Oliver e Romy, cada vez mais, são almas siamesas que se entrelaçam e que transmitem harmonia tanto nas vozes como nos instrumentos. A actuação da banda foi premiada por um público rendido e que ia cantando quase todos os temas da banda.
O preço dos bilhetes não era o mais simpático, mas esse facto não impediu o sucesso do evento, 10 mil pessoas, que aproveitaram para se deitar na relva e apanhar o sol de fim de tarde à beira rio, dos quais muitos eram estrangeiros, que vieram espreitar a estreia mundial de “Night + Day”.
A destacar da tarde e noite de “festival” fica a actuação dos Chromatics. A banda norte-americana veio mostrar o seu álbum “Kill for Love“, um grande álbum do ano passado. Ruth Radelet, vocalista, espalhou charme e conseguiu cativar e pôr o público a dançar, especialmente em músicas como “Kill for Love” e “Lady”. Numa actuação curta, mas muito positiva, terminaram com o “Into the Black”, original de Neil Young.
A noite terminou com o “legendário”, assim adjectivado por Oliver Sim, James Murphy em formato DJ. Muito do público não ficou para ver actuação do vocalista dos extintos LCD Soundsystem, mas os que ficaram ganharam nem que fosse pelo simples facto de ver um ícone da música contemporânea.
Por Nélio Matos