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Luís Severo no Teatro Ibérico: “Lisboa chora agora!”

Luís Severo no Teatro Ibérico: “Lisboa chora agora!”

2017-03-30, Teatro Ibérico
Bernardo Carreiras
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O jovem músico deu uma valente lição de piano na apresentação do seu novo homónimo ao vivo no Teatro Ibérico.

Estamos à porta do Teatro Ibérico, em pleno coração de Xabregas, e por todo o lado se juntam à conversa várias caras conhecidas do círculo alternativo musical lisboeta. Xita, Cafetra ou Cuca Monga (recente editora de Severo), todas têm um pouco a dizer e a agradecer ao ex-Cão da Morte.

Ainda se passeava enquanto Cão pelos corredores da FCSH (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas) e já Luís Gravito demonstrava a sua grande queda para as canções. Agora, com 24 anos e sob o nome de Luís Severo, pode gabar-se de ter já uma vasta discografia. Não só sobreviveu à “pressão do segundo álbum” com este brilhante homónimo, que se catapultou para a tabela dos melhores discos em língua portuguesa dos últimos anos, como o apresentou com brio e num formato ultra-intimista. Sozinho ao piano, Luís mostrou-nos um pouco a magia de fazer canções.

Coube a Lúcia Vives a honra de abrir este concerto. Com apenas os seus 17 anos, arriscamo-nos a apontar esta carismática jovem como um dos nomes promissores da música portuguesa. Foi numa espécie de “concerto de bolso” que nos apresentou “Má Onda”, “Céu Azul”, “Príncipe Real” e “Limonada”, banhadas a uma guitarra reverberada no ponto.

Por nós, ficávamos ali a noite toda.

Após um curto intervalo e de cortinas ainda fechadas, romperam-se as primeiras notas ao piano. Reconhecemos “Meu Amor”, um dos temas do novo álbum. Simples e directo ao assunto é assim que começa o concerto.

Seguem-se “Canto Diferente” e “Planície”. A primeira, um dos temas do disco antigo e a segunda talvez um dos melhores temas do novo álbum, cuja intro remonta a um “Deus Pátria e Família” (B Fachada).

É com “Cabanas do Bonfim” que temos a surpresa da noite. O tema de Flamingos, projecto paralelo com Coelho Radioactivo, teve um sabor especial ao piano.

Já mais à vontade e com os nervosismos postos de lado, o cantor mostrou-nos que trocar “Lições de Café” por lições de piano deu frutos. Depois de uma valsada “Vida de Escorpião” tivemos logo direito, e sem interrupções, a “Escola”, single do homónimo aqui apresentada com um toque meio jazzy.

Com “Lamento” voámos todos com o bonito alcance vocal de Severo. Houve ainda tempo para uma versão bem despida de “Cara de Anjo” e para “Olho de Lince” – que nos prende com o verso “isto aqui é Lisboa cada qual se defenda”.

Fecham-se as cortinas e, habituados aos concertos do músico, estávamos já prontos para abandonar a  sala, mas não. Seguiu-se um reprise alargado à guitarra acústica que nos trouxe “Boa Companhia”, “Abençoar” e “Amor e Verdade”.

Depois do homónimo tocado na íntegra, houve ainda tempo para puxar os “aus aus” ao tímido público que preenchia os 169 lugares do teatro, com “Ainda é Cedo”.

«Nunca tinha tocado tanto tempo» – dizia Luís. Por nós, ficávamos ali a noite toda. Por fim, encerrou-se em beleza com “Lábios de Vinho” , que não nos mudou o gosto.

Resta ainda deixar uma nota ao brilhante trabalho de luzes  feito por Manuel Palha (Capitão Fausto, Cuca Monga).

Ao Luís resta-nos agradecer por ter dado um concerto capaz de deixar lágrimas no canto do olho.

Foto: Instagram Luis Severo

SETLIST

  • Meu Amor
    Canto Diferente
    Planície (tudo igual)
    Cabanas do Bonfim
    Cabeça de Vento
    Vida de Escorpião
    Escola
    Santo António
    Lamento
    Cara de Anjo
    Olho de Lince
    Boa Companhia
    Abençoar
    Amor e Verdade
    Ainda é Cedo
    Lábios de Vinho