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Luzio no Reino da Guitarra

Luzio no Reino da Guitarra

2015-09-27, Teatro Municipal Amelia Rey Colaco
Redacção
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“Domingo a Cordas” com João Luzio num registo acústico um tanto ou quanto experimental.

Sabe sempre bem entrar num ambiente acolhedor e familiar, como muitos recantos pequenos e confortáveis conseguem ser. O teatro municipal Amélia Rey Colaço é espaço para essas atmosferas criando espectáculos íntimos como este “Domingo a Cordas”. João Luzio apresentou o seu 3º trabalho numa “arena” onde todas as notas puderam circular livremente e criar uma envolvência pungente. Com Rafael André (director da Academia de Guitarra) e John Fletcher a seu lado, Luzio entrou em palco com guitarra acústica e guitarra portuguesa já em palco, líder de todas as outras neste novo álbum.

Desde o início do concerto, é notória a dificuldade em separar-se do mundo eléctrico, explorado em toda a sua carreira, tanto pela presença dos efeitos da sua personalizada pedalboard, bem como pela técnica exímia que aprendeu nos vastos anos a tocar guitarra eléctrica. Sons preenchidos por um eclético mix de delay em stereo e reverb, que apesar de ser assunto para desconfiar e entregar apenas em mãos de guitarras eléctricas, encaixaram perfeitamente no registo acústico deste concerto e no estilo próprio de João Luzio. Contámos com uma música dedicada a Carlos Paredes e a passagem por diversas culturas foi óbvia, com John Fletcher (guitarra acústica) a tocar uma música celta ou um conjunto de três músicas, tocadas a par e passo com Rafael André (na guitarra clássica), evocativas de ritmos hispânicos com técnicas de flamengo.

Destaque para o momento em que os dois “Joões” tocam o único tema do novo álbum já filmado, onde Fletcher toma as rédeas duma Altgitarren, instrumento de origem sueca, raríssimo, único exemplar em Portugal. E a terminar, uma autêntica renovação de “Espectacle”, do seu primeiro álbum, que não perdeu cor.

Com este novo álbum, Luzio prova não ser apenas um virtuoso de guitarra eléctrica, mas um grande mestre de guitarra acústica e guitarra portuguesa, domínios que explora todos os dias no seu ambiente de trabalho. Fez-se a certeza da grande versatilidade deste artista capaz de encaixar-se tanto nos ambientes mais calmos, como nos inóspitos cenários de guerra repletos de pancadaria de tarolas, entre riffs e solos loucos! Neste espaço em que o público se sentiu em casa, por certo qualquer um concordaria que foi um belíssimo concerto, apenas possível de ser apresentado por tamanha maestria.

Fotos: Jorge Carmona