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Memória de Peixe

Himiko Cloud

CTL/Musicbox, 2016-10-17

EM LOOP
  • Midnight Hero
  • Haverö’s Dream
  • Lazeria Maps
  • Immortality Drive
Nero

Poupando-vos a visita à Wikipédia: «Himiko é o nome dado a uma mancha de radiações tipo Lyman-alfa. Está situada a 12,9 bilhões de anos-luz da Terra e o estudo sobre ela foi publicado em abril de 2009 no periódico Astrophysical Journal». Desde a abertura, “Supercollider”, Miguel Nicolau e Marco Franco desenvolvem em “Himiko Cloud” uma radioactividade polifónica, multifónica, superfónica, quase cacofónica. Um disco vibrante que cria um mundo nefelibata onde, independentemente da matemática mais rock (“Midnight Hero”) ou mais jazz (“Haverö’s Dream”), há peso e subtileza, extravagância e simplicidade.

Himiko Cloud é apresentado pela banda como um disco de canções em forma de pequenas bandas-sonoras; desde cavalos mágicos a transportarem aviões, a odes aos videojogos. Um parque de diversões no cosmos, em que as histórias se cruzam e se interligam entre si.

Ao longo do álbum, o guitarrista destaca-se com um picking extraordinário e um controlo de intensidades fora-de-série, mesmo.E depois o exuberante humor demonstrado em momentos como “(The Mighty Forest Of) Tragic Sans” e a demonstração, tema após tema, de uma criatividade ímpar. Porque este não é um álbum só de guitarra, Marco Franco divide o protagonismo das seis cordas com uma prestação triunfal de bateria. Capaz de padrões que tanto acompanham a fuga esquizofrénica dos loops de guitarra, como de poder rítmico a solidificar riffs tão marcantes como os que estruturam “Lazeria Maps” ou batidas simples e propulsivas tão pop como “Horsepedia” ou suaves como no lullaby que encerra o álbum, “Herbig – Haro”.

No final, “Himiko Cloud”, gravado nos estúdios Sá da Bandeira, no Porto, e masterizado por Joe LaPorta, na Sterling Sound, em Nova Iorque, é um álbum cuja espera valeu cada minuto. Para figurar, para lá dos melhores do ano, entre os melhores de sempre da música nacional!