MEO Kalorama 2023: Tamino e o Encanto do Novo Trovadorismo
2023-09-01, MEO Kalorama, LisboaNuma interessante fusão entre o indie rock e a música árabe, Tamino o cantautor belga, de ascendência egípcia, protagonizou um dos concertos mais extasiantes do segundo dia do MEO Kalorama 2023. Perante um público maioritariamente conhecedor da sua obra, o músico apresentou várias melodias que nos levaram numa viagem entre Antuérpia e o Cairo.
Tamino é apenas um músico com 26 anos, mas a pegada musical que já deixou no mundo é considerável. Com origens belgas do lado da mãe e egipcias, do lado do pai, Tamino herdou o seu gosto e talento para a música do avô Muharram Fouad, um reconhecido cantor e ator egípcio. Criado a ouvir um pouco de tudo, desde The Beatles a Chopin, passando naturalmente pela música árabe, Tamino sempre procurou não confinar o seu registo musical a uma única localização geográfica.
Com dois álbuns editados, “Amir” (2018) e “Sahar” (2022), e um par de EPs, Tamino já recebeu menções bem pesadas para um jovem músico, como foi o caso da expressão “O Jeff Buckley belga”, cunhada aquando da sua estreia em 2017 no Ancienne Belgique de Bruxelas, ou “O novo som do Nilo”, uma expressão utilizada pela BBC para descrever a sonoridade de “Amir”. Contudo, o músico nunca acusou qualquer pressão, e apenas confirmou o hype quando lançou “Sahar”.
Na sua curta carreira, já tem no palmarés o concerto na Lotto Arena, a maior sala de espetáculo da sua cidade natal de Antuérpia e os quatro concertos que deu no SXSW 2019, os primeiros em solo norte americano. Agora em 2023 estreou-se em Portugal.
Com uma quantidade de público considerável e que aparentava conhecer o seu trabalho, Tamino subiu ao Palco Samsung com uma banda composta por um violoncelista, um guitarrista/teclista e um baterista. Acompanhado pela sua guitarra acústica, atacou a melodia dedilhada de “The Longing” perante um público sereno e contemplativo. Vocalmente Tamino é um caso à parte, nas suas melodias procura muitas vezes encaixar melismas arabescos com o intuito de lhe conferir alguma ornamentação, mas sempre sem qualquer tipo de exagero. “The Flame” mostra a irreverência de Tamino ao articular a sua melodia vocal mais virada para o pop e R&B com os arranjos de cordas que encontramos nas orquestras árabes.
.Vocalmente Tamino é um caso à parte, nas sua melodias procura muitas vezes encaixar melismas arabescos com o intuito de lhe conferir alguma ornamentação, mas sempre sem qualquer tipo de exagero.
Entre músicas Tamino não dirigiu muitas palavras ao público, apenas tirou alguns minutos para agradecer a todos os que estavam presentes e referenciar que aquela era última data da tour europeia
À medida que o repertório assim o exigia, Tamino foi recorrendo a diferentes guitarras. Em “Ashes” surgiu a dedilhar uma Resonator, enquanto no seu primeiro grande sucesso, “Indigo Night”, recorreu a uma Gibson Sonex 180 Custom. No entanto, o cordofone mais integrante que apareceu nas mãos de Tamino foi um interessante oud elétrico que acompnahou o músico em “Bedford”. Gostaríamos de transmitir mais informações relativamente ao instrumento, mas parece que a internet não dispõe do conhecimento do mesmo.
“The First Disciple”, “w.o.t.h.” e “Habibi”, esta última com a letra a ser cantada por muitos, protagonizaram a reta final de um concerto que se revelou curto e em nada merecedor do ambiente disperso e em constante movimento de um festival. Fica aqui então o nosso desejo de voltar a ver Tamino em Portugal, mas num concerto de sala e num ambiente mais intimista.
SETLIST
- The Longing
- The Flame
- Fascination
- Sunflower
- Ashes
- Indigo Night
- Bedford
- The First Disciple
- w.o.t.h.
- Habibi