MEO Kalorama 2023: The Prodigy, Há Vida Depois de Keith Flint?
2023-08-31, MEO Kalorama, LisboaDe regresso a Portugal, apenas uma semana depois de terem passado pelo CA Vilar de Mouros, os The Prodigy transformaram o Parque da Bela Vista numa imensa rave onde não faltaram os grandes clássicos, um imponente espetáculo de luzes e projeções e a ausência de um vulto que ainda se estranha. Será que os The Prodigy ainda têm uma vida depois de Keith Flint?
São poucas as bandas que a meio do seu percurso perderam o vocalista e conseguiram refazer a carreira com um novo elemento a ocupar esse lugar. Logo à cabeça vêm os AC/DC, um caso único, pois com Brian Johnson conseguiram alcançar ainda maior sucesso do que aquele que já tinham conseguido com Bon Scott. Mas também temos o exemplo dos Alice In Chains, que contrataram William DuVall para “substituir” o malogrado Layne Staley, ainda assim nunca conseguiram atingir os picos de sucesso dos anos 90 ou até mesmo os Queen que continuam a dar concerto ao vivo com Adam Lambert. Já outros nunca conseguiram superar esse fardo emocional, como é o caso dos Soundgarden ou dos Linkin Park, e isso é algo perfeitamente percetível, pois estamos a falar de alguém que é a imagem do grupo, do frontman que em todos os concertos comanda a frente de palco.
Infelizmente os The Prodigy também tiveram que passar pelo mesma situação quando perderam Keith Flint em 2019. Na altura foram muitos os fãs que declararam que a banda estava acabada sem Keith, a eterna imagem da banda britânica que, com o seu visual arrojado e peculiar e com as suas performances enérgicas, marcou toda uma geração de fãs de música eletrónica. Contudo, os The Prodigy decidiram contrariar, de forma respeitosa, a vontade de muitos fãs, e um pouco à semelhança dos AC/DC e Alice In Chains optaram por prosseguir com a sua carreira. No entanto, ao invés de contratarem um novo elemento, a banda optou por manter-se apenas com Maxim, o MC do grupo, como o único frontman.
O regresso aos concertos fez-se em 2022, com uma tour no Reino Unido, e agora em 2023 com uma tour europeia que, num espaço de uma semana, teve duas datas em Portugal, uma no CA Vilar de Mouros e outra no MEO Kalorama.
O relógio batia as 00:45 quando Liam Howlett na “maquinaria”, Leo Crabtree na bateria, Rob Holliday na guitarra e Maxim subiram ao palco para dar início à sua rave com “Breathe”. A pista de dança estava instalada no Parque da Bela Vista e os corpos começaram automaticamente a mexer-se numa forma contagiante. Seguiu-se a “radiofónica” “Omen” que, com os seus versos orelhudos, adiciona uns certos pozinhos de pop a uma malha big beat. Incansável, Maxim puxou constantemente pelos fãs que apelida de forma fraterna como “guerreiros”, uma nomenclatura que remete para a faixa “Warrior’s Dance”, que se ouviu mais à frente num medley com “Climbatize” e “Everybody In Their Place”. Já “Voodoo People” antecipou a grande homenagem da noite a Keith Flint, com a sua silhueta a ser desenhada com lasers na tela de projeção no início de “Firestarter”, um dos maiores hinos da banda.
Seguiu-se “No Good (Start the Dance)” que, com o seu sample vocal da música “You’re No Good for Me” de Kelly Charles, transportou-nos pelos caminhos do house, uma vertente sonora pouco explorada pela banda, mas que resulta na perfeição quando combinado com o seu techno rave frenético. Já “Their Law” colocou os elementos de rock que compõe a música dos The Prodigy em evidência, com os riffs de guitarra de Rob Holliday a chegarem-se à frente.
“Get Your Fight On” e “Poison/Badass Fill” anteciparam aquele que Maxim, e certamente muitos fãs, dizem ser o hino dos The Prodigy, “Smack My Bitch Up”. Dedicada aos eternos seguidores da banda, ou «my Prodigy people» como refere Maxim, este foi sem dúvida o climax do concerto.
Após o concerto podemos dizer que a saudade de Keith Flint naturalmente que bateu, aliás foi algo que ficou comprovado pelos assobios e aplausos que se ouviram no início de “Firestarter”.
Muitos pensaram que a festa já tinha terminado aquando das primeiras despedias, mas a banda ainda tinha um encore preparado que teve início ao som de “Take Me To The Hospital”. Seguiram-se “Invaders Must Die”, faixa que Maxim dedicou a todos os posers, “We Live Forever” terminando com “Out Of Space”, uma faixa com elementos de reggae onde o músico presta homenagem às suas origens jamaicanas.
Após o concerto podemos dizer que a saudade de Keith Flint naturalmente que bateu, aliás, foi algo que ficou comprovado pelos assobios e aplausos que se ouviram no início de “Firestarter”. Mas também deu para perceber que a descarga enérgica e sonora dos The Prodigy continua a estar presente com a mesma intensidade. Keith Flint será eterno e uma figura insubstituível, mas os The Prodigy são uma autêntica instituição da música eletrónica e é esse o lema que deve ser levado em conta quando revemos a banda nesta fase pós Flint.
SETLIST
- Breathe
Omen
Light Up the Sky
Climbatize/ Warrior’s Dance/Everybody in the Place
Voodoo People
Omen (Reprise)
Firestarter
No Good (Start The Dance)
Their Law
Get Your Fight On
Poison/Badass Fill
Smack My Bitch Up
Take Me to the Hospital
Invaders Must Die
We Live Forever
Out of Space