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NOS Alive 2022: Duas Facetas da Soul Com Celeste e Jorja Smith

NOS Alive 2022: Duas Facetas da Soul Com Celeste e Jorja Smith

2022-07-07, NOS Alive, Lisboa
Miguel Grazina Barros
Inês Barrau
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Celeste e Jorja Smith subiram ao palco principal no segundo dia do NOS Alive.

Num dia cujo termómetro chegou a uns impressionantes 36ºC, Celeste subiu ao palco NOS pelas 19h30. A cantora de Brighton apresentou-se com umas luvas verdes, botas altas, um vestido às riscas oblíquas e maquilhagem à la Amy Winehouse. A multidão composta dividia-se entre os fãs aguerridos, os que conhecem apenas uma ou outra canção e os que visivelmente se escondiam do sol aproveitando a larga sombra que o palco principal proporciona sobre a camada de relva sintética do recinto (nem a brisa da maresia foi suficiente para arrefecer a temperatura). “Ideal Woman” foi a canção de abertura, do álbum de estreia de originais “Not Your Muse”. Agarrando o microfone sem se mover muito e sem muitos artifícios, Celeste provou logo à partida que é dona de uma voz cheia de alma, não se esforça para conseguir chegar a notas difíceis e tudo o que diz soa emocionalmente honesto – a voz é realmente a estrela do espectáculo. A neo-soul de Celeste encanta e emociona, apesar de nunca se afastar muito do mesmo registo.

A neo-soul de Celeste encanta e emociona, apesar de nunca se afastar muito do mesmo registo.

No entanto, a cantora não resistiu a passar a maioria do concerto de quase uma hora fora do palco ao descer da estrutura e aproveitando o pontão que separa a plateia direita da esquerda para apertar a mão dos fãs. O alinhamento apresentou alguns temas inéditos “Brings Me Back To You”, “On With The Show”, “This Is Who I Am” e “What Happened To Her?” além de muitos outros do mais recente álbum. Exatamente a meio do alinhamento, “Stop This Flame” arrancou o melhor acompanhamento por parte do público. No entanto, foi com “Strange” (o primeiro sucesso de Celeste) que a multidão mais se ligou, um momento de forte emoção entre a cantora e o público que serviu de despedida depois de um intenso concerto.

21h00, Jorja Smith subiu ao mesmo palco. A cantora inglesa de 25 anos representa muito bem outra faceta da Soul, mais inclinada para o R&B e para a pop. Jorja era um dos nomes mais esperados da noite, depois de um concerto em 2019 no mesmo festival cujo “palco foi demasiado pequeno”. Hoje em dia, a artista assume-se como um dos nomes mais importantes da indústria contemporânea do R&B e o seu concerto foi a banda sonora perfeita para um sunset quente cujo ambiente não podia ser melhor.

“Teenage Fantasy”, “Be Honest” e “Addicted” (do mais recente “Be Right Back” de 2021) foram o trio de êxitos que arrancaram o concerto. «É a minha segunda vez aqui e estou muito feliz por estar de volta» afirmou entre sorrisos, visivelmente comovida. Com ela, sete músicos que incluíram um coro de três de pessoas (exímios) e que conseguem impressionar, sem serem exibicionistas. Sem puxar tanto pela voz como Celeste, Jorja consegue assentar a sua genialidade na composição de canções – melodias catchy sustentadas por baixos groovy. A sua voz é doce, sem o arranhar de Celeste, mas suficiente para cativar a plateia que desejou que o concerto fosse mais prolongado. Uma versão de “Stronger Than Me”, hino de Amy Winehouse, foi ainda um momento que vale a pena sublinhar, recebido com aplausos e grande entusiasmo.

A sua voz é doce, sem o arranhar de Celeste, mas suficiente para cativar a plateia que desejou que o concerto fosse mais prolongado.

Jorja revelou-se pouco interativa com o público, mas não necessitou de descer da estrutura do palco para captar a sua atenção  A certa altura a cantora ausenta-se do palco para retocar uma extensão de cabelo, o que permitiu espaço para um solo de guitarra e acompanhamento da banda enquanto a sua ausência. “Blue Lights” é a canção comovente que se esconde atrás de uma meiga melodia de teclado, momento alto no alinhamento e cantado com bastante entusiasmo pelo público. “Come Over” e “On My Mind” fecharam o concerto, a última com o seu UK Garage e influência dos 90’s que não deixa ninguém estático.