Quantcast
NOS Alive 2023: A Pujança Juvenil dos Queens Of The Stone Age

NOS Alive 2023: A Pujança Juvenil dos Queens Of The Stone Age

2023-07-08, Nos Alive, Lisboa
Rodrigo Baptista
Inês Barrau
9
  • 10
  • 9
  • 8
  • 9

Ao longo de pouco mais de uma hora de concerto, os Queens Of The Stone Age (QOTSA) fizeram do palco NOS o seu posto de comandos, e “atacaram-nos” com uma boa dose de rock ‘n’ roll. Vigorosos, Josh Homme e seus companheiros já não vão para novos, mas o tempo parece não passar por eles.

Há umas semanas atrás, Josh Homme veio a público anunciar que passou por um cancro em 2022. Sem entrar em grandes detalhes, Homme apenas referiu que foi operado com sucesso para removê-lo, e aparentemente está livre de perigo, mas ainda a recuperar deste abalo.

Contudo, o que assistimos no dia 8 de Julho, no NOS Alive não foi a um Josh Homme em recuperação, mas sim a um Josh Homme enérgico, entusiasmado e bastante agradecido por poder continuar a fazer o que mais gosta, tocar rock ‘ n’ roll para grandes multidões. Na bagagem os Queens Of The Stone Age trouxeram o seu mais recente “In Times New Roman…”, o último volume da trilogia de álbuns lançada através da Matador Records e apresentaram-se com aquela que já é a lineup mais duradoura da banda, que conta, para além de Homme, com Troy Van Leeuwen nas guitarras, Michael Shuman no baixo, Dean Fertita nos keyboard/sintetizadores e Jon Theodore na bateria.

“No One Knows”, um dos maiores hinos dos QOTSA, presente no primeiro álbum que a banda gravou com Dave Grohl na bateria, “Songs For The Deaf” (2002), mostrou que os maiores clássicos não têm que ficar reservados para o fim. A escolha desta malha para abrir as hostilidades foi extremamente inteligente, pois agarrou o público de forma imediata. Com um som imaculado, pois o vento acalmou ao terceiro dia, permitindo assim uma melhor perceção sonora, e após saudarem o público, os QOTSA partiram para “My God Is The Sun”. A vertente mais humanista de Homme e da banda apareceria pouco depois quando o músico tirou um momento para referenciar um fã português da banda, de seu nome José, que sofre de Esclerose Lateral Amiotrófica, a mesma doença que marcou a vida do físico Stephen Hawking. José não pôde ir ao festival devido aos tratamentos médicos que tem que realizar, mas a sua terapeuta foi no lugar dele e levou uma bodycam para o José poder assistir como se estivesse lá. (Rock on, José!)

A vertente mais humanista de Homme e da banda apareceria pouco depois quando o músico tirou um momento para referenciar um fã português da banda, de seu nome José, que sofre de Esclerose Lateral Amiotrófica, a mesma doença que marcou a vida do físico Stephen

Com um público fervoroso a seus pés, Homme questionou os presentes: «Estão prontos para dançar?». Após a resposta afirmativa, soltou a funky “Smooth Sailing”, com o seu refrão a demonstrar que os seus falsetes à la Bee Gees estão em excelente forma. Já “Carnavoyeur” foi a primeira visita ao novo “In Times New Roman…”, e, apesar de pequeno percalço com o som, entrelaçou-se bem com o boogie de “The Way You Used To Be”.

Ao longo do concerto, Homme rodou as suas Motor Ave BelAire, Echo Park Esperanto-Z e Echo Park The Crow Semi-Hollow conectadas a dois half stacks compostos por duas cabeças WEM ER40 e duas colunas  Epiphone Valve Junior 1×12. Já Troy Van Leeuwen recorreu à sua Fender Jazzmaster Troy Van Leeuwen de assinatura, a uma Fender Telecaster de doze cordas, uma Burns Double 6 de doze cordas e a uma Gretsch G5422TG. Todas elas estiveram ligadas a dois Echo Park 33F6. Por sua vez, Michael Shuman utilizou um Fender American Vintage Series P-Bass, dois Fender American Vintage Series Jazz Bass e um Fender Mustang Bass, com a amplificação a ficar a cargo de dois Guild Maverick Bass Combo e de um Fender Super Bassman Pro 300W.

O concerto prosseguiu com duas malhas de “… Like Clockwork”, primeiro com a ousada “If I Had A Tail”, e depois com “I Sat By The Ocean”, onde Homme demonstrou todas as suas potencialidades na slide guitar. Perante a falta de mais palavras, um «Obrigado», em bom português foi o suficiente para Josh agradecer a entrega e entusiasmo que vinha por parte do público. “Make It Wit Chu” reduziu o ritmo frenético e voltou a trazer os falsetes de Homme ao bom estilo de Barry Gibb. Depois de Dave Grohl, ainda vamos ouvir, um dia destes, Josh Homme a fazer uma cover dos Bee Gees. Ouviram primeiro, aqui.

“Emotion Sickness” apresentou-se como uma transição entre as faixas mais mid tempo do set e o frenesim das últimas músicas. “Little Sister” com o seu fuzzy riff, antecipou aquela que, supostamente, seria a última música. «Só temos tempo para mais uma, mas vamos tocar mais duas», disse Homme desobedecendo assim às diretrizes do festival. Foi então com as vertiginosas “Go With A Flow” e “A Song For The Dead”, ambas com um Jon Theodore completamente endiabrado a bater nas peles que nem um animal e com o público a corresponder com uma última dança na forma de pequenos moshpits, que os QOTSA se despediram do palco.

Perante um alinhamento de artistas incongruente, antecipava-se o pior no interesse do público perante QOTSA, mas o que é certo é os fãs corresponderam à chamada e proporcionaram a Josh Homme e Co. uma das melhores receções do festival, demonstrando que, seja qual for o contexto, serão sempre bem recebidos em Portugal. Curto (demasiado), mas intenso!

SETLIST

  • No One Knows
    My God Is The Sun
    Smooth Sailing
    Carnavoyeur
    The Way You Used To Do
    If I Had A Tail
    I Sat By The Ocean
    Make It Wit Chu
    Emotion Sickness
    Little Sister
    Go With The Flow
    A Song For The Dead