Quantcast
NOS Alive 2023: The Black Keys, Quem Disse Que Não Devemos Voltar Ao Lugar Onde Já Fomos Felizes?

NOS Alive 2023: The Black Keys, Quem Disse Que Não Devemos Voltar Ao Lugar Onde Já Fomos Felizes?

2023-07-06, Nos Alive, Lisboa
Rodrigo Baptista
Arlindo Camacho | EIN
7
  • 8
  • 9
  • 6
  • 6

Ao fim de nove anos, os The Black Keys regressaram finalmente a Portugal, mais precisamente a um local onde já foram muito felizes, o Passeio Marítimo de Algés onde atuaram pela última vez no nosso país no então Optimus/NOS Alive 2014. Garage rock, blues e indie rock foi o que nos foi servido como entrada para o prato principal da noite, os Red Hot Chili Peppers.

[não foi permitido à Arte Sonora a habitual captação de imagens]

À semelhança de grupos como os Royal Blood ou The White Stripes, também os The Black Keys surgiram na cena rock internacional como um duo. Com uma sonoridade assente na fusão de blues rock, garage rock e indie rock, a banda de Dan Auerbach e Patrick Carney, formada em 2001, teve durante vários anos a difícil tarefa de levar às costas um género musical que foi perdendo espaço para o pop. Álbuns como “Brothers” (2010) e “El Camino” (2011), ambos com certificação de duas vezes platina pela RIAA, demonstraram que na luta com o mainstream ainda existiam alguns nomes que não cediam às pressões da indústria musical.

De regresso a Portugal, e mais concretamente ao Passeio Marítimo de Algés, após um hiato de nove anos, os The Black Keys trouxeram na bagagem o seu décimo primeiro álbum “Dropout Boogie”, editado em Maio 2022. A acompanhá-los na estrada, o duo dispõe de uma touring band bastante competente. Essa banda é composta por Andy Gabbard na guitarra e backing vocals, o seu irmão Zach Gabbard, no baixo e backing vocals, Ray Jacildo nos keyboards e backing vocals e Chris St. Hilaire na percussão e backing vocals.

De todos os concertos que vimos no dia 6 de Julho no palco NOS, o dos The Black Keys foi sem dúvida o que teve pior som.

De todos os concertos que vimos no dia 6 de Julho no palco NOS, o dos The Black Keys foi sem dúvida o que teve pior som, muito por culpa das fortes rajadas de vento que se faziam sentir e que faziam com que as ondas sonoras se perdessem a meio caminho ou se dispersassem para os lados sem cobrir a frente de palco. Ainda assim, este factor em nada afetou a performance coesa da banda proveniente de Akron, Ohio. Foi ao som de “I Got Mine”, do álbum “Attack & Release” (2008) que o concerto teve início e daí em diante fomos transportados numa viagem influenciada pela música de raiz americana. Aqui não há segredo, é rock ‘n’ roll para abanar a cabeça e as ancas. “Your Touch”, “Tighten Up” e “Everlasting Light” foram tocadas com esse propósito.

Já “Heavy Soul” invocou a alma da lenda do blues, Muddy Waters. As favoritas “Howlin For You” e “Gold On The Celleing” acordaram um público que parecia estar mais expectante para ver os cabeça de cartaz da noite, do que para se divertir ao som de uma boa dose de boogie.

Durante o concerto Dan Auerbach usou e abusou das suas Harmony H78, Supro Martinique e Guild S-200 Thunderbird, e recorreu por vezes a uma Fender Telecaster Custom e a uma Ibanez Custom SG.

Em termos de amplificação, Dan muniu-se de dois Fender TFL5005D Bandmaster Reverb apoiados por dois Quad Reverb. Já Patrick Carney atacou as peles num vistoso kit Ludwig Salesman Sparkle, mas para saberem mais sobre a bateria de Carney visitem a página dos nossos amigos Roma Inversa, lá poderão encontrar todas as especificações do instrumento.

Para o encerramento do concerto ficaram reservadas a nova “Wild Child”, a fuzzy “She’s Long Gone”, a balada acústica/elétrica “Little Black Submarines” e o maior hino da banda “Lonely Boy”, com estas duas últimas a invocarem, finalmente, a manifestação sonora que os The Black Keys já mereciam desde o início do concerto. No fim, ficou a ideia de que os The Black Keys estavam mais felizes por regressar a um local que tão bem lhes recebeu há quase uma década, do que propriamente o público, e em especial os fãs, que pouco ou nada fizeram para demonstrar que as saudades da banda de Dan Auerbach e Patrick Carney já apertavam.

SETLIST

  • I Got Mine
    Your Touch
    Tighten Up
    Have Love, Will Travel (Richard Berry Cover)
    Everlasting Light
    Next Girl
    Fever
    Heavy Soul
    Weight Of Love
    Lo/Hi
    Howlin’ For You
    Gold On The Ceiling
    Wild Child
    She’s Long Gone
    Little Black Submarines
    Lonely Boy