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NOS Alive 2024 | Aurora, O (En)Canto dos Fiordes

NOS Alive 2024 | Aurora, O (En)Canto dos Fiordes

2024-07-12, Nos Alive, Lisboa
Rodrigo Baptista
Inês Barrau
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Cabeça de cartaz do Palco Heineken no segundo dia do NOS Alive 2024, Aurora movimentou um mar de fãs que aguardava há vários anos o regresso da cantora norueguesa a Portugal. Com a sua voz doce, Aurora enfeitiçou os presentes com melodias etéreas e puxou da sua vertente humanista com uma chamada de atenção para o cessar-fogo de Gaza e o respeito pela comunidade LGBTQ+.

Para recordar a estreia de Aurora em Portugal é necessário recuarmos a 2015 e ao concerto que a artista deu no Musicbox, em Lisboa. O contexto da altura era completamente diferente, Aurora tinha apenas 19 anos e o seu álbum de estreia “All My Demons Greeting Me as a Friend” só seria editado um ano depois. Quase uma década depois, Aurora soma cinco álbuns de estúdio e é aclamada no espectro da pop alternativa como uma das artistas mais criativas ao combinar electropop com synth-pop e folk nórdico. A sua imagem simples e carinhosa, assim como a sua vertente de ativista são duas características que aproximam a artista da sua base de fãs extremamente fiel.

A espera pelo regresso de Aurora a Portugal foi demorada, desta forma não é de estranhar que a tenda do Heineken tenha sido pequena para acolher tamanha romaria. Aliás, houve muitos fãs a defenderam que Aurora deveria ter sido colocada no Palco NOS e que Ashnikko, um dos concertos mais criticados do palco principal, deveria ter sido relegado para o Heineken. O que é certo é que no Heineken foi possível gerar um maior misticismo em torno da atuação de Aurora, que podemos dizer que se situa na fronteira entre um concerto e um ritual.

Foi então com uma projeção de Aurora vestida como um sol radiante que a norueguesa subiu ao palco. O synth-pop de “Some Type of Skin” foi a primeira impressão da delicadeza vocal da artista. O seu timbre consegue transmitir fragilidade, mas ao mesmo robustez e segurança nas vocalizações mais desafiantes como é caso do kulning, um canto ancestral de pastoreio realizado predominantemente na Noruega e Suécia para chamar o gado dos pastos.

“All Is Soft Inside” levou-nos até às paisagens extasiantes norueguesas formadas por fiordes e grandes montanhas com formações rochosas dignas de registo. Já “Heathens” com a sua sonoridade folk nórdica mergulhou na mitologia nórdica. “A Soul with No King” acompanhada ao bandolim foi dedicada à mãe natureza, ou não fosse Aurora proveniente de um país dominado por florestas e paisagens naturais.

Profundamente tocada pela recepção do público, Aurora foi incansável nos agradecimentos e revelou em primeira mão que, para compensar os fãs destes nove anos de ausência, irá regressar a Portugal em Maio 2025.

Profundamente tocada pela recepção do público, Aurora foi incansável nos agradecimentos e revelou em primeira mão que, para compensar os fãs destes nove anos de ausência, irá regressar a Portugal em Maio 2025.

Em mais um momento de profundo humanismo e ativismo Aurora foi buscar uma bandeira da comunidade trans que um fã lhe tinha dado. Antes disso já tinha abanado um leque adornado com as cores do arco iris. A bandeira surgiu então empunhada em “Cure For Me”. Seguiu-se “Murder Song (5, 4, 3, 2, 1)”, uma promessa a pedido de um fã, mas não sem antes fazer uma chamada de atenção para um cessar fogo em Gaza. Este foi mais um gesto da sua filantropia que recebeu a aprovação total do público presente na tenda do Heineken.

De “Churchyard” a “Giving In to the Love” foi um ápice, mas ainda houve tempo para passar por “Runaway”, “The Seed” e “Starvation”. Sem palavras para descrever as emoções que estava a sentir com tamanha receção, Aurora agradeceu todo o amor e relembrou o encontro que tem marcado com os fãs portugueses em 2025.

SETLIST

  • Some Type of Skin
  • All Is Soft Inside
  • A Soul with No King
    Heathens
    When The Dark Dresses Lightly
    Cure for Me
    Murder Song (5, 4, 3, 2, 1)
    Churchyard
    Runaway
    The Seed
    Starvation
    Giving In to the Love