Orphaned Land + Klone + Khalas + The Mars Chronicles
2013-10-31, Hard Club, PortoApesar de inicialmente anunciado para as 20h15, as festividades só deram início uma hora mais tarde e logo aí percebemos a partilha das bandas visto que no palco já estava todo o material que viria a ser usado pelas quatro. Os novatos The Mars Chronicles que ainda nem completaram dois anos de existência conseguem ter já um razoável curriculum de concertos fora de França. Classificado de alternativo/post metal, o seu som em áudio parece mais poderoso do que realmente resultou ao vivo: algo confuso, a tarola chegava a roçar o incomodativo e o jogo de vozes entre o mentor da banda Devy Diadema e o seu colega guitarrista também não agradavam. Além de “Constant Show”, “Abyss” e “Hell is Born” que fazem parte do seu EP homónimo de estreia, deram-nos a conhecer “Transcending the Stone” e “Scars is Born”.
O rock arábico dos palestinianos Khalas trouxe mais movimentação em palco e também no público que foi cedendo aos pedidos da banda para dançar e bater palmas. A boa disposição e energia deste quarteto fizeram aliviar, dos nossos pensamentos, as constantes notícias do seu país de origem e dos conflitos políticos e religiosos que nele ocorrem. Durante pouco mais de meia hora, sempre com imagens de fundo com danças tradicionais a serem projectadas, entre outros, tocaram os temas “Amona”, “Badek Zaffi” em que o vocalista tocou harmónica, “Haz El Adalah” e “Mijwiz” um tema tradicional palestino que contou com a participação de uma espectadora que aceitou prontamente o convite para dançar em palco e que acompanhou a banda com movimentos orientais.
Voltamos a França para receber os Klone que começaram a sua carreira em 1999 mas é a primeira vez que tocam no nosso país. Partilham o baterista com a primeira banda da noite e usam os amplificadores Orange para as suas guitarras, o que lhes deu um groove bastante interessante. As suas influências do progressivo são evidentes, é possível identificar algumas das referências da banda como Opeth ou Porcupine Tree. Destaque para os músicos muito enérgicos, principalmente um dos guitarristas que temi que chocasse contra as colunas ENGL que estavam nas suas costas e o gingar do vocalista que estava de parabéns nesta noite e que foi surpreendido pelos colegas aquando da apresentação de um dos temas, estes começaram a tocar os parabéns e entraram em palco os companheiros da tournée com um bolo e velas. O público reagiu com bastante entusiasmo, não sei se para parabenizar o aniversariante se por estar a ter a primeira aparição dos Orphaned Land. Com o mais recente álbum “The Dreamer’s Hideaway” na bagagem, fizeram uma viagem pelos outros trabalhos e, além do titulo referido, podemos ouvir “The Eye of Needle (part. 2)”, “Give up the Rest”, “All Seeing Eye”, “Immaculate Desire”, “Rocket Smoke” e uma versão de um clássico da Byörk “Army of Me”.
Depois de terem visitado o Hard Club pela primeira vez em Junho de 2005 com Paradise Lost, a banda cabeça de cartaz desta noite, volta à mesma casa, do outro lado do rio, após já terem por cá tocado entretanto algumas vezes. Contam já com mais de vinte anos de carreira e com concertos em quase todos os continentes, talvez por isso estes Orphaned Land tenham o à vontade em palco, a simpatia dentro e fora da sala e o profissionalismo que muitas bandas não demonstram ter. É claro que as figuras mais carismáticas da banda são o seu vocalista Kobi Farhi com uma figura muito idêntica a Jesus Cristo (apesar de já o ter dito noutras alturas “eu não sou Jesus”) com as suas túnicas, colares e descalço em palco; e o guitarrista Yossi Sassi que usa, aparentemente uma “vulgar” guitarra com dois braços mas na realidade trata-se de um instrumento inventado por si: Bouzoukitara, que é uma guitarra eléctrica combinada com uma acústica Bouzouki que é um instrumento muito popular na música tradicional da Grécia. E a generosidade deste músico é tal, que traz vestida uma t’shirt dos portugueses Thee Orakle com quem participou no último trabalho da banda. Muito comunicativos, incentivam público a bater palmas ao seu ritmo, a saltar, sentimos o chão a tremer à primeira ordem Jump! Com um trabalho editado este ano “All is One”, era de esperar que grande parte do set list contemplasse músicas deste disco, e assim foi: “Through Fire and Water”, “All is One”, “The Simple Man”, “Let the Truce”, “Children” e “Brother” que dedica aos seus companheiros de tournée e porque independentemente dos conflitos Israel/Palestina, das questões politicas e religiosas, judeus e cristãos, nada importa, o que nos une é o Heavy Metal! Houve ainda tempo para ouvir, entre outros “Sapari”, “El Meod”, “In thy never Ending” e já em encore o aclamado “Norra el Norra”. Terminam prometendo voltar em breve “a esta bonita cidade!” Já cá fora, entre autógrafos, fotografias e duas de letra com os fans, Yossi Sassi diz-nos que no próximo ano virá com o seu projecto a solo.