Os Paramore são daquelas bandas que já dispensam apresentações. Goste-se ou não, é de louvar o espaço no panorama musical que estes “adolescentes” liderados por uma pequena miúda Pop-Punk, com cabelo ruivo e uma atitude bastante energética e ousada, conseguiram conquistar ao longo de quatro discos de originais. O grupo viu-se reduzido ao um trio quando, em Dezembro de 2010, os irmãos Josh Farro e Zac Farro anunciaram que iriam abandonar a banda. Este é o primeiro trabalho do grupo sem os irmãos, que eram parte vital no processo composicional, nomeadamente o baterista Zac Farro, que escrevia grande parte das melodias e ritmos das canções, e até dava uma perninha em algumas letras.
Desentendimentos à parte, os Paramore souberam contornar os imprevistos e seguiram em frente com esplendor. Fecharam-se em estúdio com Justin Meldal-Johnsem, que já produziu nomes como Neon Trees e M83, e é também bastante conhecido por ter conquistado um Grammy ao lado de Beck. Chamaram o ex-baterista dos Nine Inch Nails, actualmente nos Angels & Airwaves, IIan Rubin, e criaram o material necessário para editar este álbum homónimo. Um disco até certo ponto mais maduro, pois não joga pelo seguro, dando asas à banda para trilhar caminhos e sonoridades nunca antes exploradas. Mais profundo e com um pé no futuro, em alguns momentos esquecendo a entidade criada em trabalhos anteriores, como “All We Know Is Falling” de 2005, “Riot” de 2007 e “Brand New Eyes” de 2009. Os fãs mais acérrimos na primeira audição torcerão o nariz e estranharão esta nova etapa, até sentirão a nostalgia dos “antigos Paramore” em temas como “Part II”, que faz lembrar “Let The Flames Begin”, de “Riot”.
As letras são claramente mais profundas e emotivas, mas aqui mantendo a linhagem anteriormente criada. Não são nenhuma obra literária, mas por vezes fazem fortemente lembrar algo que poderia ter sido escrito, por exemplo, por Gwen Stafani para alguns temas mais comerciais dos No Doubt. Caso disso é “Ain´t It Fun”, que não peca em nada por conter um bem conseguido coro de gospel a acompanhar alguns momentos da voz de Hayley, mas que ao longo dos 5 minutos que dura nos deixa aquela sensação de “será que esta música não foi escrita para outro artista?”.
Mais experimental. Existem temas com sintetizadores e caixas de ritmos, o que no geral torna o disco sonoramente mais dançável, veja-se o exemplo do segundo single “Still Into You”, mas também dando mais ritmo e um swing “Pop” às composições. Por outro lado, existem temas apenas de voz, acompanhado pelas cordas de um Ukulele, como “Moving On” e “Holiday”. O grande problema deste registo é capaz de ser a sua extensão, composto por 17 faixas. Fica-se um bocado com a sensação que algumas poderiam ter sido dispensadas do produto final e posteriormente editadas, por exemplo, como “B-sides” das gravações. Assim o desenvolver das músicas acaba-se por tornar um pouco monótono para o ouvinte, pois ao longo dos motes não se avizinha nada de novo, aparecendo em alguns casos vagas repetições de harmonias com roupagens novas.
A novidade e o brilho destacam-se em “Future”, faixa que encerra este homónimo, que aduz um crescendo épico ao estilo de uns Mogwai, ou até mesmo de uns Mew, e que espalha claramente a mensagem que o álbum pretende transmitir: segue os teus sonhos e as tuas aspirações. Num futuro os Paramore poderão conseguir tirar coelhos da cartola de uma maneira bem superior. Por um lado estão superiores criativamente, mas por outro falta-lhes a garra mais rock açucarada a que habituaram.