Paus é para se ouvir ao vivo
2014-04-30, Lux, LisboaNo último dia do mês da liberdade, os Paus ocuparam o Lux para fazer deste o seu quartel general. Ficámos a perceber que “Clarão”, apresentado à força de braços e baixos poderosos, claramente é um disco que resulta melhor ao vivo.
“Primeira” rompe a quietude expectante de um Lux cheio para receber o concerto de apresentação do segundo álbum de Paus. Segue-se “Cume” e “Clarão”, numa vaza de músicas do novo disco que termina em “Mudo e Surdo” do Ep “É Uma Água, onde percebemos que o baixo de Makoto, pode ser mesmo “maior do que a tua mãe”, como se pode ler num texto de apresentação da banda. Começamos a perceber que aquilo que peca no disco redime-se ao vivo. “Clarão” é um disco mais complexo, mais complicado. Ao vivo, onde o desempenho se pronuncia, funciona com outra força.
“Na semana passada tocámos na Holanda, o pessoal começou a soltar-se com cerveja, espero que vocês consigam fazer melhor.” Segue “Pontimola” com grito punk, “uma música sobre má onda”, diz Quim para uma sala bem composta, mas ainda sem disposição para perder a compostura. A música de Paus é descontração e o público está contraído. “Ouve Só” e “Bandeira Branca” servem para inverter a ordem das coisas: já se dança e põe-se a má onda de lado. Hélio e Quim atacam o set com força e vontade, com uma sincronização quase ética.
Mais duas do novo disco, “Nó” e “Negro” transportam mais tiques do post-rock, algo que pode confundir os mais incautos frequentadores do Lux. “Cauda Turca” e “Muito Mais Gente”, que Hélio diz ser a última, mas acho que ninguém acredita. Os quatro Paus regressam a palco para um encore acalorado. “A próxima é uma cover”, mente Hélio. É a “Deixa-me Ser” que se torna o pico no contágio de dança. A “Corta Vazas” e “Pelo Pulso” acabam a noite, com Makoto a aventurar-se num stage-dive.