A atmosfera que percorre este split, eco físico que une ambas as bandas, é violentamente interrompida pelas pinturas negras e doentias dos Rorcal. A capacidade de potenciar a esquizofrenia, através da harmonização das linhas de guitarras, é uma arma de violência que atravessa “IX”, “X” e “XI”. Ainda assim, a progressão melódica da peça central consegue ser um tocante raio de luz, a meio da intrincada rede de demência criada pelos suíços. Curiosamente, é em “XI”, a peça com apontamentos mais lentos, que há uma maior relação com as estruturas clássicas do black-metal.
Há em “Liar” um certo balanço, que se sentia em “Fæmin”, mas que aí estava mais amarrado
O que os Rorcal mostram em agressividade, os Process Of Guilt mostram em flutuações de intensidade. Há em “Liar” um certo balanço, que se sentia em “Fæmin”, mas que aí estava mais amarrado. Naturalmente, o tríptico não descola completamente do terceiro álbum da banda (algo mais notório no movimento II), mas acrescenta mais dinâmica naquela capacidade que os Process Of Guilt possuem de construir melodias através da opressão do peso dos seus riffs monocórdicos. Até por esse motivo, o movimento II poderia estar mais extenso, o flow que o percorre deixa uma frustração ao ser interrompido (ou a vontade de o ouvir novamente), é esse o único pecado do tema. Após o altar de feedback que é o movimento III, sentimos que a mestria que a banda começou a demonstrar em “Erosion” e que apurou em “Fæmin” está no seu zénite nos três movimentos de “Liar”.