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Queen

A Night At The Opera

EMI, 1975-11-21

EM LOOP
  • Death On Two Legs
  • The Prophet’s Song
  • Bohemian Rhapsody
Nero

No seu 4º trabalho, os Queen conseguiram o seu melhor e mais emblemático álbum – bastaria para isso o facto de ser o disco que contém “Bohemian Rhapsody”. E ainda que o álbum não seja apenas esse tema, essa sonoridade é o motivo central deste “A Night At The Opera”.

Há muitos detractores do rock sinfónico e do heavy metal. De facto, se pensarmos nos Queen, até se procurou afastar a banda dessa ligação, mas a verdade é que a música não é aquilo que as reviews encomendadas dizem, mas a forma como soa. E os britânicos eram uma banda de heavy metal, pelo menos em parte, com uma manipulação de dinâmicas extraordinária e uma grande capacidade de recorrer a instrumentos fora do combo bateria-baixo-guitarra em intermináveis compassos e enfadonhos 4/4.

Não será necessário tentar descrever a espantosa voz de um dos maiores cantores, não só do rock, mas da história da música, como foi Freddie Mercury. Aí estamos conversados. De resto, a profusão de camadas vocais e de elaboração de guitarras que se tornou imagem de marca da banda, atinge o zénite neste trabalho. E estas estruturas sempre acompanhadas ao piano, num registo bem dentro do humor britânico, algo Vaudeville, como Elton John também fazia nos seus primeiros trabalhos, ou no tal registo épico.

Excitante e esquizofrénico, nas palavras de Brian May, neste disco «estão algumas das coisas mais pesadas que alguma vez fizemos, e algumas das mais ligeiras também».

Brian May escreveu aqui o manual da estética que ele próprio fundou na guitarra. Basta ouvir o espantoso trabalho de overdub das linhas melódicas de guitarra ou o tamanho colossal com que ficam os riffs harmonizados de temas como a versão do hino nacional britânico, “Death At Two Legs” (tão pesadinho este tema!), “Sweet Lady”, “The Prophet’s Song” – a maior canção dos Queen, uma das suas melhores, e mais injustiçada nos catálogos de colectâneas e antologias – e, claro, “Bohemian Rhapsody”.

A banda fundiu aqui aquilo que extraiu dos Beatles, dos Sweet ou mesmo de Led Zeppelin, mas apartou-se e fundou a sua voz. É como se seguisse o trilho de gigantes, mas com a arrogância de assumir os desvios que entendia aumentarem a passada. Essa experimentação atinge níveis extraordinários num tema como “Seaside Rendezvous”, cuja instrumentação é garantida pela emulação vocal que Mercury e Roger Taylor fazem dos instrumentos de sopro que “pensamos” estar a ouvir, ou os desenhos vocais de “The Prophet’s Song”. Acreditem, a Björk não fez nada de novo em “Medulla”, afinal os Queen lançaram este disco em 1975!

Toda essa experimentação tornou “A Night At The Opera” no álbum mais dispendioso da história da música à altura. May chegou a referir, se o álbum tivesse falhado comercialmente, isso teria destruído a banda (no recente filme “Bohemian Rhapsody” pode ser vista uma romantização dos problemas que o álbum enfrentou).

É ainda neste disco que surge uma das canções dos Queen da qual foram mais feitas mais covers, a balada semi-acústica “Love Of My Life”. Este trabalho foi alvo duma recente remasterização e de uma expansão de conteúdos nos quais se contam versões ao vivo e algumas backing tracks das sessões originais a mostrarem os pormenores de arranjos dos Queen.