O novo álbum de Saturnia é, em primeiro lugar, uma revisão da matéria dada. Uma viagem pelos seis álbuns anteriores, cuja revisão de Luís Simões torna menos criptícos. Desta forma, “The Seance Tapes” torna-se um excelente pórtico para a música de transe da banda, oferecendo maior ordem ao teor semi improvisacional original, tornando o psicadelismo numa massa mais concreta, até pelo efeito prático da abordagem mais “quadrada” das baterias.
A nova abordagem permite a criação de momentos de extraordinário groove e densidade Ravi Shankarianos…
Exceptuando os primeiros temas na tracklist, o que é também reflexo da condição mais hermética dessas primeiras composições de Simões, a nova abordagem oferece maior força a “Infinite Chord”, “Gemini” (que Moog!), “Still Life” e “Sunflower”. E depois há momentos em que o álbum se destaca verdadeiramente, como em “I Am Utopia” ou “Mindrama”, temas onde sucede um propulsivo cruzamento entre Popol Vuh e Om), no denso e pesadíssimo groove Ravi Shankariano de “The Real High” e “The Twilight Bong” e no clássico prog de “Cosmonication”.
No geral, talvez a revisão a que os temas foram sujeitos lhes pudesse ter retirado alguma cronometria (embora isto possa parecer sacrílego ao seu compositor), o que, teoricamente, poderia aumentar o seu impacto imediato. A certeza que esta espécie de compilação deixa é o carácter eclético e livre de barreiras conceptual de Saturnia.
E se, como Luís Simões refere em entrevista com a AS, este álbum é também um pórtico para a próxima fase do projecto, só podemos esperar coisas boas dos próximos originais.