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Swans

The Glowing Man

Swans, 2016-06-17

Nero

Após os arrasadores “The Seer” e “To Be Kind”, os Swans fecham o ciclo, possivelmente, mais vigoroso da sua carreira com outro álbum de dimensão épica.

Há uma certa solenidade acrescida a este “The Glowing Man”, afinal Michael Gira anunciou, ainda em 2015, que seria último álbum com Norman Westberg, Kristof Han, Phil Puleo, Christopher Pravdica, Thor Harris e Bill Rieflin, além do próprio Gira, a actual formação dos Swans. O fim da formação que, porventura, criou o ciclo mais vigoroso na discografia da banda.

A majestade dos anteriores “The Seer” e “To Be Kind” fá-los disputar o direito a serem considerados os melhores álbuns da enorme carreira da banda. “The Glowing Man” é feito dos mesmos pressupostos. Da força narrativa que emerge nas estruturas e crescendos de repetição melódica, do seu sentido meditativo e de um peso, não sonoro, mas meditativo. Está também omnipresente uma certa sensação de epílogo, como uma suma da última década e a evocação da “era Jarboe”.

Mas, ainda que este álbum se mantenha dimensionalmente épico e consiga ser encantador, versátil e maleável nessas repetições premeditadas, não atinge a mesma intensidade das duas obras-primas anteriores. Ou, pelo menos, não ostenta a mesma perpetuação de brutalidade emocional, tendo maiores oscilações dinâmicas. Algo que percebemos melhor quando, a meio dos 25 minutos da colossal “Cloud Of Unknowing”, somos esmagados pelo tremendo peso congregado por leviatãs rítmicos e monólitos de amplificação.

Em retrospectiva, faz sentido. A recuperação de maiores camadas atmosféricas nos temas cria uma dormência auditiva, rasgada então pelas explosões de volume. O maior ponto de contacto com o percurso imediatamente anterior a este disco é feito na frenética faixa-título. Aí, ao longo de 25 minutos, sobejam a propulsividade primitiva e os contrastantes vacuos atmosféricos da intensidade sonora dos Swans.

Ensombrado por controvérsia, nos meses que o antecederam, com Larkin Grimm a acusar Michael Gira de violência sexual, o álbum oferece-nos luz na singularidade tocante com que Jennifer Gira (esposa de Michael) canta e enche de personalidade “When Will I Return”. E pensamos em Jarboe. De facto, em “The Glowing Man” ouvem-se reminiscências sonoras de um formato mais etéreo, vindo década de 90, e aqui acentuado com a força da banda, em vez da exuberância de uma protagonista como era Jarboe. Uma sugestão daquilo que poderá ser o sentido do próximo ciclo?

Metodicamente posicionada a encerrar o álbum, sendo talvez a canção mais alegre em toda a discografia da banda,”Finally Peace” soa tão pacífica como o seu título.