SWR – DIA 2
2012-04-27, BarroselasO dia começou por volta das 20h00 no palco gratuito – o SWR Arena, cuja produção estava a cargo da organização do festival barcelense Milhões em Festa – com um bom concerto dos Skullhog. Os holandeses foram a primeira e uma das poucas bandas a contar com boa qualidade de som neste palco. E a sua própria sonoridade foi uma imagem fiel à história do SWR, death metal brutal debitado por um power trio coeso e com a “escola” toda. Começaram rapidamente a cativar os headbangers que ainda se ambientavam à chegada ao recinto e acabaram mesmo por conseguir alguma agitação no “pit” em frente ao palco. A actuação dos holandeses acabou mesmo por impedir a apreciação ao concerto de Aphyxyon a quem coube abrir o palco 2. No palco 1, as honras de abertura couberam aos nacionais Simbiose. Muito seguros, a puxarem pelo público ainda um pouco disperso, o que seria de esperar de uma banda que iniciou a sua carreira em 1991! O line-up está revigorado, bem como o seu crust – modernizado por um som mais americano. Logo de seguida, os russos Ease Of Disgust voltavam a pisar o palco 2, com um set igual ao que haviam mostrado na noite anterior.
Então, um dos grandes momentos desta edição XV do festival, os Coffins. Nunca consegui perceber bem se os japoneses tocam death metal, como proclamam, ou sludge – tal a parede de peso que conseguem erigir ao vivo. Ainda que o guitarrista Uchino seja muito mais competente nos riffs que quando avança para os solos – onde soa um pouco atabalhoado – a banda soube sempre manter uma postura bem rock n’ roll, através da solidez e agressividade da secção rítmica. Depois a entrega da banda foi sempre total e isso permitiu eliminar qualquer eventual barreira criada pelo parco inglês do vocalista. Além disso, os Coffins ainda contaram com um som muito razoável no palco 1, algo que acabaria por ser um elemento de irregularidade ao longo dos 4 dias.
Os franceses Gorod vieram mostrar o seu mais recente álbum, num concerto elogiado pelo público, mas no qual este escriba aproveitou para jantar e preparar-se para os headliners que iriam tocar a seguir.
Contudo, os Candlemass acabaram por ficar um pouco aquém das expectativas. Desde logo pela inexplicável falta de coesão entre os elementos da banda e pela péssima qualidade de som na abertura com o clássico “Mirror Mirror”. Depois começou o burburinho entre o público ao qual o vocalista Rob Lowe deu voz: Leif Edling, por motivos de saúde, não se deslocou com a banda! Ainda que se louve o facto dos lendários suecos não terem cancelado a sua primeira presença no nosso país, era como se Portugal se apresentasse no próximo Europeu de Futebol sem levar Cristiano Ronaldo! Ou se o Barcelona não tivesse Messi! Ou se… bom já perceberam a ideia. Os Candlemass são o seu fundador e principal compositor, o baixista Leif! Todavia deve ressalvar-se que a meio do concerto, com a estabilização da mistura de som a banda, que estava a dar o seu primeiro concerto em 2012, conseguiu ainda mostrar um ar daquilo que tornou os Candlemass lendários e temas como “The Gallows End” ou o obrigatório “Solitude” fazem parte da herança musical de qualquer headbanger que se preze. Já o único tema que mostraram do álbum prestes a sair será outra história. A única coisa irrepreensível em todo o concerto foi a enorme dimensão do trabalho de guitarras da dupla Mats Björkman e Lars Johansson (com uma ESP Eclipse e uma Fender Stratocaster respectivamente). Rob Lowe acabou por se destacar na sua disponibilidade para conviver com o público na desmontagem do backline e isso faz ter esperança numa nova vinda, sem condicionalismos, ao nosso país.
Depois os Malignant Tumour arrasaram o palco 2. Bons temas, simples, directos. Muita interacção com o público – o baixista Robert Simek chegou mesmo a passar o baixo para as mãos de uma surpreendida metaleira e juntar ao mosh pit. Muito rock!
Para o final, no palco 1. Os Tsjuder mostraram-se fiéis às suas raízes, mostrando um black metal ortodoxamente norueguês. Sem grandes preocupações estéticas. Apenas temas crus e rápidos. Um concerto para tradicionalistas.