“É sempre em frente…”. Guardar o melhor para o fim, podia bem ser a conclusão após a audição deste “El Camino”, pois estamos perante uma grande obra, que sucede a outra e a ultrapassa elevando uma fasquia que por si está elevadíssima, tanto para a banda, por ser o nono registo, como para o meio blues/indie rock.
O duo de Akron Ohio, a quem carinhosamente comparam e confundem de White Stripes, entre outros mimos, goza também de ilustres fãs e tem influenciado alguns e agradado a outros. Se fecharmos os olhos e quisermos ouvir, claro que há semelhanças [há Cash, J. Spencer] um pouco por todo o lado, mas não de forma evidente e insistente. Assim como haverá Black Keys na bateria dos Arctic Monkeys e, como em tudo, conforme a preferência assim será a opinião.
A genialidade do álbum começa na capa, onde a imagem de uma carrinha “Chrysler Town & Country”, que serviu de veículo para as primeiras viagens pela estrada da banda, mostra o lado “sentimental” desta, pelo menos no que toca a saudade, assim como o título que completa a imagem e lhe assenta como uma luva.
Pese embora “El Camino” seja também um modelo da mesma marca de automóveis, que ganhou notoriedade com a famosa pick up que Earl J. Hickey conduz na série “My name is Earl”. Se é ironia ou sarcasmo, agradecimento ou reconhecimento da realidade e o som característico, será aparentemente. Desde o início de “Lonely Boy”, primeira faixa e primeiro single – onde a teoria de ter a ver com a série pode ganhar força – e parando em “Mind Eraser”, tema final, todos os outros temas comungam num som que garante boa música, apenas boa música, misturada com tudo o que foi escrito até este ponto final que se segue.
E depois entra a mão de Danger Mousse, que co-produziu e ajudou na composição das letras, faltava um toque de alguém que soubesse ouvir e potenciar as capacidades da banda de forma coesa e singular permitindo, ao nono álbum, aos Black Keys darem um importante salto qualitativo e quantitativo e a conquistarem, definitivamente, um lugar cimeiro no meio indie rock.
Neste álbum, ouvimos 37 minutos de festa e de atmosfera festiva; guitarra suja e letras que se aceitam de ânimo leve, qualquer que seja a história narrada nas onze músicas, que fazem sentido ouvirem-se seguidas ou em shuffle, mas sempre em repeat…
Uma grande prenda de Natal!
Por Joaquim Martins