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Tom Jones

Spirit In The Room

Universal Music, 2012-05-21

Nero

Depois de um resultado de vendas razoável com “Praise & Blame”, Tom Jones voltou a juntar-se ao produtor Ethan Johns e a apostar em mais um álbum de versões. A verdade é que esta nova faceta Johnny Cash em estilo “American Recordings” não convence.

É verdade que a densidade instrumental é interessante, especialmente em momentos como “Soul of a Man” (Blind Willie Johnson), “Bad as Me” (Tom Waits) ou “All Blues Hail Mary” (Joseph Lee Henry), e esse mérito pertence todo às execuções de guitarra ou teclados de Ethan Johns, mas Tom Jones nunca consegue despir o fato de lantejoulas de estilo cabaret. Apenas esses momentos do produtor e o surpreendente e arrebatador, muito por culpa do trabalho do grupo coral Stile Antico, “Charlie Darwin” (The Low Anthems) salvam o disco.

Toda a carreira, imagem e mesmo a voz de Tom Jones surgem como a antítese do que este trabalho pretende transmitir – afinal, o senhor que na década passada surgia a repetir irritantemente algo sobre sexbombs, nunca pareceu afligido por uma espiritualidade, poética que fosse, ou pela consciencialização da sua própria mortalidade. Se aquilo que Dylan ou Cash foram fazendo pode levar-nos à analogia com os filósofos poetas norte-americanos, como Emerson ou Thoreau, esmagados pela contingência do ser humano, então, por comparação, Tom Jones parece um Dan Brown a escrever sobre os anjos e demónios que povoam o subconsciente do sagrado feminino ou sobre qualquer teoria bizarra sobre espaços triangulares numa pintura renascentista.