Volbeat, Cavaleiros da Dinamarca
2019-10-10, Coliseu dos RecreiosOs dinamarqueses apresentaram-se pela primeira vez em Portugal em nome próprio e conquistaram o Coliseu dos Recreios com a sua fusão de rock ‘n’ roll, heavy metal e psychobilly.
Quando se fala em Metal Escandinavo, a Dinamarca é talvez o último país a ser referido entre os seus pares, apesar de já terem saído do país nomes que se revelaram bastante importantes para a história do género como é o caso dos Mercyful Fate ou do próprio King Diamond. Mas a verdade é que se não olharmos a tesouros do underground como Artillery, Nortt, Panzerchrist ou The Psyke Project, tardava em reaparecer um nome que colocasse a Dinamarca de novo no panorama do metal europeu.
Para o bem e para o mal, os Volbeat foram a banda que conseguiu quebrar fronteiras e afirmar-se não só na Europa, mas um pouco por todo o mundo.
Formados em 2001, foram “descobertos” em 2007 por Lars Ulrich, baterista dos Metallica, também ele dinamarquês e que de, certa forma, se transformou numa espécie de padrinho para a banda, levando-a em sucessivas tours pelo mundo. Foi a abrir para os Metallica que os Volbeat se estrearam em Portugal, em 2010, numa data dupla inserida na WorldMagnetic Tour, que passou pelo Pavilhão Atlântico.
A espera para ver Volbeat em Portugal, em nome próprio, foi demorada. Nove anos foi o tempo que os fãs da banda dinamarquesa tiveram que aguardar até ao concerto desta passada quinta-feira no Coliseu dos Recreios. Na bagagem o grupo trouxe o seu mais recente álbum de estúdio ” Rewind, Replay, Rebound” editado em Agosto de 2019. À medida que o início do concerto se aproximava, a antecipação fazia-se sentir com mais intensidade.
Às 22h a banda entra em palco com o tema “Pelvis On Fire”, extraído do mais recente trabalho, a sua textura meio psychobilly, meio punk coloca o público em movimento. O primeiro coro da noite veio de seguida, com o já clássico “Lola Montez”, do álbum de 2013 “Outlaw Gentlemen & Shady Ladies”.
A recepção calorosa do público deixou a banda com sorrisos rasgados e satisfeita por regressar a Portugal ao fim de tanto tempo, como referiu o vocalista Michael Poulsen. Esta formação dos Volbeat, que já se encontra junta desde 2016, é possivelmente a mais competente e coesa de todas. Conta com Kaspar Boye Larsen no baixo, Jon Larsen na bateria, Rob Caggiano (ex-Anthrax) na guitarra solo e Michael Poulsen nas vozes e guitarra ritmo. Poulsen, enquanto líder e frontman da banda, mostrou-se bastante interventivo, com a sua postura de “Elvis meets James Hetfield” do século XXI. A sua prestação vocal esteve também irrepreensível, caso evidente em malhas como “Fallen” ou “For Evigt”, com o seu refrão tão característico em dinamarquês.
No que toca a guitarras, Michael Poulsen alternou entre as suas Gibson Firebird Custom e Gibson ES-339 preta. Já Rob Caggiano usou e abusou dos seus novos modelos de assinatura Jackson que, por enquanto, são só protótipos (espera-se que cheguem ao mercado no princípio de 2020).
A meio do espetáculo Danko Jones voltou a subir ao palco para uma exemplar interpretação de “Black Rose”, tema que gravou com a banda em 2016, para o álbum “Seal the Deal & Let’s Boogie”.
Guardadas para o fim ficaram “Last Day Under the Sun” e “Leviathan” ambas do último álbum, mas que foram cantadas a pleno pulmão pelo público. A noite terminou com o que já se pode considerar o hino da banda. “Still Counting”, com os seus ritmos a contratempo, com o público todo a cantar e com muito mosh à mistura, colocou um ponto final numa noite memorável, na qual as despedidas se demoraram a fazer.
SETLIST
- Pelvis On Fire
- Lola Montez
- Doc Holiday
- Sorry Sack of Bones
- For Evigt
- Sad Mans Tongue
- Black Rose
- When We Were Kids
- Slaytan/ Dead But Rising
- Fallen
- Die To Live
- Seal The Deal
- Last Day Under The Sun
- The Devil’s Bleeding Crown
- Leviathan
- Pool of Booze, Booze, Booza
- Still Counting