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Seventh Storm no RCA Club: Veni, Vidi, Vici

Seventh Storm no RCA Club: Veni, Vidi, Vici

2022-10-08, RCA Club, Lisboa
Rodrigo Baptista
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“Por mares nunca de antes navegados”, os Seventh Storm atracaram a sua nau num RCA Club a rebentar pelas costuras. Entre estreias e celebrações, a experiência falou mais alto, e os Seventh Storm brindaram-nos com uma atuação sublime onde as emoções estiveram sempre à flor a pele.

Fotos gentilmente cedidas por Fernando Ferreira.

A rápida e efervescente correria aos bilhetes, para a estreia ao vivo, em todo o seu esplendor, dos Seventh Storm, confirmou que estávamos, sem dúvida nenhuma, perante um novo projeto musical bastante especial e promissor. Os bilhetes esgotaram num ápice, levando a que o RCA Club parecesse demasiado pequeno para receber a primeira incursão dos piratas portugueses. Com muitos fãs a ficarem sem oportunidade de assistir ao concerto, questionámo-nos se uma sala tipo o LAV não teria sido a mais indicada? Talvez sim, mas como referiu Mike Gaspar na entrevista que nos concedeu: “Quem vê de fora pensa que isto é gigante, mas a verdade é que eu não tenho a estrutura que tinha antes. Tenho os connects todos, mas quero que seja de uma forma honesta, talvez começar com clubes pequeninos e ir trabalhando.”

Fazendo jus à sua palavra, os Seventh Storm apresentaram-se então no apertadinho RCA Club, perante uma plateia composta tanto por fãs, como por familiares e amigos. Desta forma, não é de estranhar que o nervoso miudinho, sentido tanto pela banda como pela plateia, tivesse sido ainda mais intenso. Todos queriam que o concerto fosse ao encontro das expectativas, e o atraso de cerca de 15min comprovou exatamente esse compromisso por parte da banda.

Como já tinha sido referido por Mike, o desejo de tocar o álbum na integra foi cumprido, no entanto, e com o intuito de tornar o concerto mais dinâmico e menos mecânico, a ordem das músicas foi alterada.

O mote da noite, era, naturalmente, “Maledictus”, o aclamado álbum de estreia, editado em Agosto. Como já tinha sido referido por Mike, o desejo de tocar o álbum na integra foi cumprido, no entanto, e com o intuito de tornar o concerto mais dinâmico e menos mecânico, a ordem das músicas foi alterada. Foi então ao som de Hans Zimmer, mais precisamente do épico e assombroso Davy Jones Theme, que os Seventh Storm entraram em palco. “Pirate’s Curse”, a primeira faixa de Maledictus, deu inicio ao saque, e mais do que testemunhar a coesão musical da banda, no contexto ao vivo, comprovou sim que Rez, com a sua voz de barítono, dispõe de todos os pergaminhos, para se tornar num dos vocalistas mais respeitados, não só da cena nacional, mas também do panorama internacional. Já “The Reckoning”, bem representativa da identidade banda, que assenta na composição de riffs e solos melódicos e em alterações de dinâmicas, colocou em evidência as qualidades de Butch Cid, que,  através do seu Fender Jazz Bass Special (aka Duff Mckagan model), fez o RCA Club trovejar, enquanto Mike Gaspar, com uma energia jovial e carregado de groove, demonstrava uma precisão incomparável, particularmente em passagens mais puxadas, como é o caso das blast beats. Já Josh Riot, munido da sua Gibson Les Paul Custom, e Ben Stockwell, a empunhar a sua Custom GGuitars, foram colossais na troca de riffs e solos, com uma maturidade musical acima da média, podemos afirmar que estamos perante a dupla de shredders que Portugal nunca teve, se Amott e Lommis, já tinham sido gigantes no Coliseu na noite de sexta feira, podemos dizer, com toda a certeza, que Riot e Stockwell não ficaram nada atrás.

Com “Maledictus” cá fora há alguns meses, muitas das músicas e das letras já tiveram tempo de maturar na mente dos fãs. O primeiro sinal, mais representativo, dessa familiaridade veio precisamente com o single “Haunted Sea”, onde o refrão, extremamente orelhudo, foi entoado por todos, como se tratasse de um clássico com 10 anos. Por esta altura a emoção transbordava e REZ já não conseguia esconder o visível deslumbramento ao estar a ver e a ouvir todo aquele público a cantar as suas palavras.

Por esta altura, e já a caminhar para meio do concerto,  fomos numa viagem até ao Oriente, primeiro através do instrumental “Sarpanit” e de seguida com “Gods of Babylon”. Esta última, é sem dúvida uma das faixas mais interessantes do álbum, carregada de passagens intricadas e texturas tímbricas provenientes de vários cantos do mundo, é também uma das mais desafiantes para tocar ao vivo, com várias passagens a marcarem um ritmo infernal a rondar os 200bpm. “Inferno Rising”  e “My Redemption” mantiveram a toada antes dos ânimos se acalmarem aquando do solo de guitarra de Ben Stockwell, e onde o feeling e o fraseado foram colocados em evidência. Já com algum fôlego recuperado por parte de Mike e Rez, os Seventh Storm partiram para a última faixa do set.

“Seventh” foi a eleita para fechar a noite, no entanto o público presente no RCA Club ainda não se encontrava totalmente saciado. Rez em tom de brincadeira perguntou que músicas é que faltavam, e foi aí que os fãs gritaram por “Saudade”, tema que foi o primeiro single da banda e que certamente fechará, daqui em diante, todos os concertos dos Seventh Storm. A faixa foi gravada em 4 versões, duas em versão elétrica, em Português e Inglês, e duas em versão acústica, em Português e Inglês. O mais provável é a banda só tocar, principalmente no circuito internacional a versão elétrica em inglês, mas como ontem estávamos perante uma noite única e especial, fomos brindados com duas versões, a primeira, lá está, na versão elétrica em inglês, e uma segunda, num mix acústico-elétrica em Português. Este foi inevitavelmente o momento da noite, onde a comunhão e a emoção estiveram de mãos dadas e todos os que estiveram ontem à noite no RCA Club podem orgulhosamente dizer que já sabem o que é “cantar o peito ilustre Lusitano”.

Vida longa aos Seventh Storm!

Não podemos também deixar de dar uma nota de destaque à banda que abriu a noite, os veteranos Ethereal. Durante cerca de 45 minutos demonstraram o seu metal gótico com toques de heavy metal tradicional. A banda de Hugo Soares está neste momento a preparar um novo álbum que irá suceder a “Towers of Isolation” de 2003.

 

SETLIST

  • Intro (Davy Jones Theme, Hans Zimmer)
  • Pirate’s Curse
  • The Reckoning
  • Haunted Sea
  • Sarpanit
  • Gods of Babylon
  • Inferno Rising
  • My Redemption
  • Guitar Solo
  • Seventh
  • Encore:
  • Saudade (English Version)
  • Saudade (Portuguese Acoustic)