O festival a Porta, que se realiza em Leiria, só termina oficialmente no próximo sábado dia 25, mas para os actos musicais a porta já está fechada.
Depois das últimas edições terem sofrido com as normas sanitárias, o festival A Porta regressou em força, no que já é tido como um clássico exemplo de recuperação do status quo pós pandémico. O festival tomou conta da cidade através de variadas atividades pelas icónicas ruas de Leiria. Chegando até a dar vida a edifícios a perder esperança. Entre oficinas, jantares temáticos, concertos, performances e instalações o festival foi-se moldando pelos que nele participaram. Aos que ainda o pretenderem fazer fica o convite para dia 25 para as Famílias Sem Fronteiras na Pousada da Juventude.
Prioridade para os atos musicais, 38 ao todo, fizeram com que as ruas do distrito fossem um só palco. A Arte Sonora não conseguiu estar presente em todos os concertos, mas nos que teve ficou a vontade de estar em mais.

O primeiro foi o de Titica, que tomou de assalto o jardim Luís de Camões. Apesar de não ser a sonoridade que nos leva a pensar nesta publicação a energia levar-nos-ia. Teca Miguel Garcia é cantora, compositora, dançarina e ativista. Lançou em 2011 o álbum “Chão” e já pisou palcos por este mundo fora. Mas foi ao som de “Come e Baza” com Pabllo Vittar que o auditório mais vibrou. Eficaz interação com o público contribuiu para uma troca de energia que se fazia sentir do palco até quase às barraquinhas de cerveja. Grande parte não sabia as letras, ainda assim não deixaram de dançar, quase tão bem como um dos pontos altos da atuação, a subida ao palco de um pequeno rapaz que “arrumou a casa” com os seus passos de dança.
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Num interlúdio que pecou por lento, meu, não da organização, o palco do jardim fechou e seguiu-se a migração para a Stereogun onde a noite continuava. Por causa disto já só apanhei o fim do fim de SFISTIKATED. O duo constituído por João Marques dos First Breath After Coma e Roberto Oliveira dos Whales ainda levou ao palco três convidados. Levaram também o equipamento com eles e a transição até Odete demorou, felizmente a energia ficou e do pouco que vi sei que quero bem mais.
Odete começou assim que o microfone e as suas cordas vocais trocaram olás: a sala transfigurou-se. Multidisciplinar e disciplinada, Odete carrega consigo diplomas e louvores. Dos cursos superiores às colaborações em filmes, das performances às exposições, da música editada à poesia, a artista mexe-se e faz mexer. Em Leiria não foi diferente, apesar de por pequenos momentos mostrar frustração nela própria, esta vem de quem quer mais e faz mais. Nos restantes 99% da atuação deu para perceber exatamente isso, momento alto da noite. A artista com um set de boiler room na bagagem fez de Leiria mais uma paragem.
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Trigo & Moço separam o “trigo do joio” fechando a sala com uma miscelânea de sons e ritmos. Dos mais modulares e ondulares de Moço aos mais dinâmicos de Trigo. A gama foi variada e até tivemos Rosalía e pop moments a contribuir para alguma familiaridade num set que por si só já era bastante dançável. Trigo é phoebe que é Bruno Trigo Gonçalves, Dj, Produtor e fundador da Troublemaker Records. Moço é João Moço, ex-jornalista de música e colaborador ativo na Rádio Quântica.
No domingo dia 19, visitámos a feira bandida e assistimos ao concerto de Benjamin Piat, o francês fechou o palco do jardim do avião com toda a gente a bater palmas, mas também com toda uma conversa em francês, c’est la vie.