Guns N’ Roses, O Explosivo Concerto no Ritz em 1988
Um ano depois da edição de “Appetite For Destruction”, os Guns N’ Roses passaram em Nova Iorque para, com transmissão global, mostrar ao vivo toda a ferocidade do seu álbum de estreia. Live At The Ritz é, provavelmente, o melhor concerto gravado da banda.
“Appetite For Destruction” não tem uma música má. Toda a gente o conhece e sabe de cor duas ou três canções – “Sweet Child O’ Mine” é considerada uma das melhores canções de sempre, em várias listas, e Slash nem sequer gostava da canção e da introdução de guitarra, que surgiu por acidente e se tornou uma das frases musicais mais conhecidas no mundo.
Além disso, as sessões de “Appetite For Destruction” foram, ao jeito dos Guns, uma espécie daquilo que Headley Grange foi para os Led Zeppelin, , tendo ainda aí surgido (colocadas de lado no alinhamento final) várias composições da banda, como a épica “Civil War”, as pedradas “You Could Be Mine” ou“Back Off Bitch”, além de um esboço, ainda sem a magnitude orquestral, de “November Rain” (a banda considerou que, além de “Sweet Child O’ Mine, seriam baladas a mais no disco). Foi até totalmente descartado esse malhão que é “Shadow Of Your Love”.
O álbum vive de um turbilhão de emoções numa tempestade de fogo, electricidade e espírito marginal. O sitz im leben de “Appetite For Destruction” é o que torna o álbum único e irrepetível. Um álbum escrito por rufias das sarjetas de Los Angeles, uma cidade que estava no seu auge de luxúria na década de 80. Fala-se na produção de um filme a retratar essa época, em que cinco putos irascíveis gastavam cada dólar que conseguiam em bourbon e vinho rasca (“Nightrain” presta homenagem a uma dessas zurrapas), cocaína e heroína.
Vadios que dormiam na garagem onde ensaiavam ou em casa de strippers ou actrizes porno atraídas por aquela ferocidade juvenil. Esses rufias ascenderam ao trono de LA e da indústria musical, ao paraíso. O verdadeiro rock ‘n’ roll dream.
Todas estas sensações estão bem presentes num mítico concerto que a banda deu em Nova Iorque, no Ritz, em 1988. Um concerto onde se vêem excessos, agressividade (mesmo um sururu entre Axl e o público) e onde se podem ouvir Slash e Izzy em toda a sua glória dinâmica, tal como a propulsividade vibrante de Steven Adler que, antes de se rebentar com droga, foi o melhor baterista que os Guns N’ Roses tiveram.