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O Impacto do COVID-19 na Indústria de Instrumentos Musicais

O Impacto do COVID-19 na Indústria de Instrumentos Musicais

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As marcas de instrumentos musicais enfrentam problemas nas suas linhas de produção e de distribuição, com várias disrupções e impacto nas receitas. A Korg e a Orange, por exemplo, já manifestaram publicamente as suas preocupações.

Por todo o mundo, os governos de vários países vão anunciando medidas de contingência para procurar minimizar um surto epidémico do Covid-19. As preocupações chegaram também ao sector dos instrumentos musicais, que partilharam algumas das suas preocupações sobre o impacto do vírus na indústria.

Em conversa com o MI Trade News, Ricci Hodgson, um dos directores da Korg no Reino Unido, expressou as suas preocupações relativamente ao impacto do vírus da cadeia de distribuição e até de produção, algo já real: «Infelizmente está a existir esse efeito. O problema que enfrentamos, tal como outros construtores, é ter produtos fabricados no Extremo Oriente – no Japão, China e Vietname – e basta um pequeno componente de uma das fábricas na China para parar uma linha de produção inteira. A NAMM deste ano foi uma das que maior sucesso teve desde que me recordo e isto vai impactar na nossa capacidade de fornecer vários dos produtos que foram tão bem acolhidos».

Hodgson continua, recordando custos mais elevados no sentido humano: «Não se pode ignorar o terrível destino das pessoas que infelizmente foram contagiadas, mas num sentido estritamente comercial, vai afectar-nos imenso. Estamos em diálogo com o Japão e eles estão em contacto permanente com as fábricas chinesas».

Cliff Cooper, fundador e dono da Orange, em conversa com o mesmo meio, expressou menos preocupação. Se assume que a situação é preocupante, afirma que a indústria ainda está longe de ceder ao pânico: «Temos duas fábricas em Jaishan, localidade muito próxima de Shanghai, local onde o vírus impera. Os operários fabris deveriam ter regressado do seu feriado Lunar, algo que foi atrasado em vários dias e então o governo local decidiu fechar todas as fábricas – impedido que alguém regressasse ao trabalho. Obviamente, a nossa primeira preocupação foi com a saúde das pessoas apanhadas nesta situação, mas não deixou de ser um choque de um ponto de vista de negócios».

Qual o motivo para o optimismo, então? «A continuidade na distribuição é muito importante, particularmente nos Estados Unidos, de longe o nosso maior mercado. Contudo, há poucos dias a nossa divisão na China comunicou que as pessoas estavam a ter permissão para retomar o seu trabalho, apenas se fossem trabalhadores locais (que perfazem cerca de 40% da nossa força laboral) e na condição de utilizarem máscaras que lhes foram providenciadas. É um alívio ter as pessoas de volta, mas há ainda alguma preocupação. Felizmente, temos um espaço em Atlanta onde mantemos um elevado stock de emergência. Não esperávamos algo assim, mas estamos sólidos para os próximos meses. Todavia é, potencialmente, um problema».

Questionado sobre problemas de distribuição no Reino Unido, afirma que a indústria deve mostrar suficiente resiliência para enfrentar a redução de produção: «Creio que poderão esgotar os produtos de consumo rápido e isso é um problema, mas existe stock secundário que não vende tão rapidamente e suspeito que as lojas não ficarão perturbadas por poder despachar alguns desses produtos».

Esta é uma situação que pode ser facilmente alvo de analogia para os distribuidores portugueses. Contudo, não é fácil perceber que se chegar o ponto de esgotar o stock de cordas, não será fácil convencer alguém a comprar antes um cabeço de 100 watts. Se ainda for um pedal… Pode especular-se que, trata-se de uma regra básica de mercado, não enfrentando escassez os preços não aumentam, portanto não existe razão para alarmismo.

No caso das marcas mais pequenas, com menos recursos, os problemas podem tornar-se mais severos. Steve Barton, da CUK Audio (um dos principais distribuidores da indústria no Reino unido), afirmou, também a MI Trade News, que os auscultadores que a empresa produz com o seu nome, os HEDD, já estão a sofrer disrupção. Barton admite, no entanto, maior resiliência nas marcas de instrumentos: «Os HEDD possuem um pequeno componente construído numa fábrica chinesa, a armação. A fábrica foi encerrada, portanto parou a produção desse componente. Felizmente, conseguimos encontrar o que necessitamos numa empresa alemã, mas isto serve para ilustrar o problema dos componentes. Nas guitarras, a maioria do que temos vem do Japão ou Europa. O que temos oriundo da China, tivemos a sorte de reunir um stock amplo na Europa, portanto não é um problema. Há problemas reais com alguns dos produtos Pro Audio, mas com os instrumentos temos sido afortunados».


arda