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SBSR 2023: Ao 2° dia destaque para o pop The 1975, o hip-hop de Wu-Tang Clan e o techno de Charlotte De Witte

SBSR 2023: Ao 2° dia destaque para o pop The 1975, o hip-hop de Wu-Tang Clan e o techno de Charlotte De Witte

Maria Brito
Teresa Mesquita

O segundo dia do Super Bock Super Rock misturou pop, hip-hop e techno até não podermos dançar mais.

Estivemos no segundo dia do Super Bock Super Rock, já recuperados de todos os saltos e garganta rouca do primeiro dia, e ainda bem. Porque se o primeiro dia foi de saltar até os gémeos começarem a doer, o cartaz de dia 14 de julho fez-se de dançar até não poder mais.

Wu Tang e 1975, dois opostos que se uniram na missão de falar para os seus reais fãs

Depois do espetáculo de Sam the Kid com Orquestra e Orelha Negra ao início da tarde, que teve direito, entre outras coisas, a uma participação especial de Napoleão Mira, pai, poeta e cantautor que participou no disco, “Praticamente”, emprestando-lhe a sua voz profunda, saltámos de palco e assistimos a um espetáculo de outras boas energias.

Nile Rodgers & Chic dominam um final de tarde de sol tímido, mas som ousado, com direito a alguns autoelogios que humildemente desculpamos, não tivesse Nile um currículo de produtor, compositor e guitarrista invejável. Ao lado dos Chic, estava genuinamente feliz por tocar todos os êxitos que todos conhecemos, e nós também.

A noite começou em pé acelerado, feliz e energético, ao som de hits intemporais como “Le Freak”, “We are family”, “Like a Virgin”, houve espaço para co-produções suas como “Get Lucky”, “Lose yourself to Dance”, ou até “CUFF IT” de Beyoncé tivemos direito a ouvir. Uma grande festa a céu aberto.

© Música no Coração

Foi já com uma chuva ligeira que começou a viagem até à costa leste dos Estados Unidos da América com os lendários Wu-Tang Clan.

Um autêntico momento de comunhão entre o grupo norte-americano que reinventou o hip-hop com as suas melodias inovadoras e criativas, fora do hip hop tradicional praticado na costa oeste na altura, e um público claramente emocionado com a sua estreia em Portugal.

Foram ouvidos grandes êxitos de “Enter the Wu-Tang (36 Chambers)”, álbum de estreia lançado em 1993, como “C.R.E.A.M.”, ou “Wu-Tang Clan Ain’t Nuthing ta F’ Wit”, “Da Mystery of Chessboxin” ou “Bring da Ruckus”, a par com alguns projetos a solo de membros do Clan, inclusive os que já nos deixaram, como “Shimmy Shimmy Ya”, um single de Ol’ Dirty Bastard.

As t-shirts pretas com o tão conhecido logo amarelo de Wu-Tang Clan invadiram o recinto, num dia em que claramente foram objeto de culto para uma legião de fãs, ou crentes. E não era para menos, pela primeira vez Wu-Tang estava em Portugal!

 

The 1975 voltaram ao Meco sem grandes novidades, apesar dos dois álbuns que aconteceram entretanto. Mas como em equipa que ganha não se mexe, a presença dos britânicos trouxe o mesmo charme de bad boy a que Matty Healy já nos habituou a todos: começando o concerto a segurar um cigarro (sim, em 2023) e celebrando a viagem com uma garrafa de champanhe a meio, e a mesma mistura da leve pop com indie rock de sempre.

Das baladas às guitarradas, gostando-se mais ou menos, a verdade é que a “boy band” britânica é capaz de mexer e remexer corações como atrair quem procura um passo de dança com uma boa energia e letras articuladas para cantar em uníssono. A banda trouxe alguns hits antigos e uns mais recentes. No palco Super Bock Super Rock ouviram-se a “Oh, Caroline”, das mais recentes, mas voltou-se também atrás com “Somebody Else” ou “I Always Wanna Die (Sometimes)” e “It’s Not Living (If It’s Not With You)”.

 

Charlotte De Witte foi uma das mulheres da noite, com certeza.

Depois de Caroline Polacheck ter a difícil tarefa de entreter um público ansioso pelo grande nome internacional de techno que tocava a seguir, que fez com uma performance consistente com uma qualidade sonora que preencheu as medidas, entrou no palco principal uma das rainhas da noite, título que lhe é atribuído por muitos. Charlotte não desiludiu: um concerto com uma energia que implodia nas cadências certas, fortes, intensas, agressivas, ácidas e corajosas, e que elevou a união de todo um público que dançava livre e acorrentado ao mesmo tempo ao misticismo da DJ belga.

© Música no Coração