AS10 | Cantoras Internacionais que Marcaram os Anos 80
Embora polémica, a década de 80 do século passado é profícua em talento. Continua a ser amada ou odiada nos dias que correm, mas é indesmentível que revelou vozes incontornáveis. A AS escolheu 10 cantoras que marcaram esse período da música internacional.
A música dos anos 80 do séc. XX está bastante longe de ser consensual. Há os que criticam as canções, os penteados ou a maquilhagem, há os que não gostam do tipo de produção e há ainda os que odeiam simplesmente por odiar.
Falta de unanimidade à parte, há algumas verdades insofismáveis quando abordamos a música dessa década, entre as quais algumas grandes vozes no feminino.
A Arte Sonora sabe que as listas valem o que valem e nelas, já se sabe, não cabem todos os artistas que mais gostamos ou com mais do que créditos para serem incluídos. Subjectividades à parte, e porque esta rubrica se chama AS10, só poderíamos mesmo escolher uma dezena de vozes incríveis e que tornaram os anos 1980 numa das mais importantes décadas no que à música diz respeito.
Depois do compêndio com os 10 cantores que marcaram a música mundial nos anos 1970 e das 10 grandes vozes femininas internacionais que marcaram essa mesma década, segue-se a nossa lista com algumas das mais relevantes cantoras que marcaram a incomparável década de 80.
CHAKA KHAN | Nasceu Yvette Marie Stevens, em Chicago, a 23 de Março de 1953, e chamou a atenção do mundo da música em meados dos anos 1970 com a banda Rufus. Estreou-se a solo em 1978 com “Chaka”, que abre com o estrondoso sucesso “I’m Every Woman”, mas seria na década seguinte que Chaka Khan, já com o título de “Rainha do Funk”, gravaria boa parte da sua discografia (sete álbuns de um total de 13) e alcançaria o êxito à escala planetária. Com a sua voz soul apontada às pistas de dança, Chaka Khan manteve-se no topo da lista das cantoras com mais sucesso internacional entre meados dos anos 80 e meados dos anos 90, tendo alcançado várias vezes os lugares cimeiros das tabelas de R&B nos EUA. Aqui fica um dos seus mais icónicos temas, “Ain’t Nobody”, editado em 1983, numa parceria com os Rufus, banda que se manteve no activo entre 1970 e 1983 e foi entretanto ressuscitada em 2008.
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SIOUXSIE SIOUX | Considerada por muitos como uma das artistas simultaneamente mais influentes e dissidentes da cena pós-punk londrina dos meados dos anos 1970, a artista nascida Susan Ballion, em Londres, a 27 de Maio de 1957, alcançou um sucesso quase imediato em terras de Sua Majestade com os seus Siouxsie and the Banshees (1976–1996), praticantes de um som obscuro e vanguardista, tendo ainda formado os The Creatures, que operaram entre 1981 e 2005. Era o início do rock gótico. Dos 11 discos da carreira, sete álbuns de estúdio dos Siouxsie and the Banshees foram editados durante os anos 1980. Foram sempre um pouco estranhos demais para se tornarem êxitos esmagadores, mas, no que toca a objectivos artísticos, poucos artistas se aproximaram da imagem desafiante e sombria de Siouxsie Sioux e das suas qualidades musicais. As suas canções foram reimaginadas por nomes tão distintos como Jeff Buckley (“Killing Time”, dos The Creatures), Tricky (“Tattoo”, Siouxsie and the Banshees) e LCD Soundsystem (“Slowdive”, Siouxsie and the Banshees) e os seus discos serviram de inspiração para gente como os Joy Division, The Cure, Depeche Mode, The Smiths, Massive Attack, Radiohead ou PJ Harvey.
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ANNIE LENNOX | Nascida na Escócia no dia de Natal de 1954, alcançou um sucesso moderado no final da década de 1970 com a banda new wave The Tourists, antes de formar, uma vez mais com Dave Stewart, os Eurythmics. Numa altura em que os Novos Românticos lideravam a revolução synth-pop nos anos 1980, Annie Lennox, cara e voz dos Eurythmics, passa a ser imediatamente reconhecida através do hino “Sweet Dreams (Are Made of This)”, canção que dá título ao segundo álbum da banda britânica, editado em 1983, e que obteve sucesso instantâneo – até Marilyn Manson lhe prestou homenagem, em 1995. Lennox surgiu no vídeo para esse tema vestida com fato e gravata e ostentando um cabelo curto pintado de cor-de-laranja, e a BBC destacava de imediato o seu poderoso olhar andrógino que desafiava o olhar masculino. Imagem à parte, foi a voz de Annie Lennox que conquistou seguidores e lhe garantiu para sempre um lugar entre as melhores cantoras dos anos 1980. Se têm dúvidas, podem sempre conferir canções como “There Must Be an Angel (Playing with My Heart)” ou “Here Comes the Rain Again”.
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WHITNEY HOUSTON | Whitney Elizabeth Houston (9 de Agosto de 1963 – 11 de Fevereiro de 2012) é uma das artistas mais premiadas de todos os tempos, tendo vendido mais de 200 milhões de discos em todo o mundo. Conhecida pela sua voz poderosa e carregada de soul, Whitney Houston influenciou cantores por esse mundo fora, sendo ainda a única artista a ter sete singles consecutivos no número 1 da lista Hot 100, da Billboard, desde “Saving All My Love For You”, de 1985, até “Where Do Broken Hearts Go”, de 1988. Embora Houston tenha permanecido uma força da natureza até à idade de ouro do R&B, nos anos 1990, a sua produção na década anterior (“Whitney Houston”, de 1985, e “Whitney”, de 1987) estabeleceu padrões que ainda hoje permanecem em nomes como Beyoncé, Mariah Carey, Lady Gaga, Celine Dion ou Christina Aguilera, só para citar alguns. Temas como “How Will I Know” ou “The Greatest Love of All” abriram caminho para o sucesso global de “I Wanna Dance With Somebody (Who Loves Me)” ou o definitivo “I Will Always Love You”, canção gravada pela primeira vez em 1974 por Dolly Parton. Confortável a entregar hits para as pistas de dança ou baladas delicadas que fazem chorar as pedras da calçada, Whitney Houston continua a ser uma das maiores e mais versáteis cantoras de todos os tempos.
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MADONNA | Madonna Louise Ciccone (16 de Agosto de 1958) nasceu e cresceu no Michigan antes se mudar para Nova Iorque em 1978 para seguir carreira na dança contemporânea. Depois de se apresentar como baterista, guitarrista e vocalista nas bandas de rock Breakfast Club e Emmy, Madonna assinou contrato com a Sire em 1982 e, no ano seguinte, estreou-se a solo com “Madonna”, apesar de o reconhecimento global ter chegado em 1984, com “Like a Virgin”. A sua popularidade foi aumentando de disco para disco, ou não tivesse ela editado dois dos álbuns mais vendidos de todos os tempos, “Like a Virgin” (1984) e “True Blue” (1986). Muitos dos singles lançados por Madonna alcançaram o número 1 em vários países, incluindo “Like a Virgin”, “Material Girl”, “Live to Tell”, “La Isla Bonita” ou “Like a Prayer”, valendo-lhe o título de “Rainha da Pop”. Não sendo apenas uma das mais importantes cantoras dos anos 80 do séc. XX, Madonna é igualmente uma das figuras mais significativas na história da cultura pop.
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KATE BUSH | Catherine Bush nasceu a 30 de Julho de 1958 e, com apenas 11 anos, já escrevia canções. Aos 19, liderou o UK Singles Chart durante quatro semanas com o seu single de estreia “Wuthering Heights”, tornando-se assim a primeira artista feminina cuja canção da sua própria autoria atingiu o número 1 no Reino Unido. Bush assinou pela EMI Records depois de o guitarrista dos Pink Floyd David Gilmour a ter ajudado a produzir uma demo para o seu álbum de estreia, “The Kick Inside”, lançado em 1978. A partir daqui, Kate Bush ganhou lentamente independência artística na produção de álbuns – produziu todos os seus discos de estúdio desde “The Dreaming” (1982). Após o sucesso esmagador de “Wuthering Heights”, a ainda adolescente Kate Bush entrou nos anos 1980 como uma das jovens artistas mais comentadas de sempre. Ao longo dessa década, testou os limites da escrita de canções, muitas das quais permanecem intemporais e continuam a cativar novas gerações de fãs um pouco por todo o mundo. Com um estilo ecléctico e experimental e letras pouco convencionais, Kate Bush influenciou uma gama diversificada de artistas.
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BONNIE TYLER | É praticamente impossível falar da música dos anos 80 sem mencionar Bonnie Tyler. Nascida Gaynor Hopkins, a 8 de Junho de 1951, no País de Gales, Tyler iniciou a sua carreira na década de 1970, à boleia da música country e dos blues, arriscando no universo da música pop apenas na década seguinte. O tema “Total Eclipse of The Heart”, do álbum “Faster Than the Speed of Night”, de 1983, produzido por Jim Steinman, então já famoso pelo seu trabalho com os Meat Loaf, foi o grande responsável por colocar Bonnie Tyler nas bocas do mundo – a cantora tornou-se na primeira galesa a entrar directa e simultaneamente para o número 1 das listas inglesa e americana. Mas Tyler, conhecida pela sua voz de timbre rouco e potente, não ficou por aí e, ao longo da sua carreira, conseguiu outros sucessos, como “Holding Out For a Hero”, (que fez parte da banda sonora do filme “Footloose”), “It’s a Heartache”, “Making Love (Out of Nothing At All)” ou “Here She Come”.
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PAULA ABDUL | A multifacetada Paula Abdul nasceu no dia 19 de Junho de 1962 e começou a sua carreira artística aos 18 anos como cheerleader dos Los Angeles Lakers, tornando-se, mais tarde, coreógrafa principal das Laker Girls, onde foi rapidamente descoberta pelos The Jacksons. Bailarina, coreógrafa, cantora e actriz, Paula Abdul fez tanto sucesso enquanto coreógrafa de videoclipes no início da década de 1980 que foi requisitada para filmar vídeos para Michael e Janet Jackson. No final dessa mesma década, decidiu perseguir uma carreira como cantora, estreando-se nos discos em 1988 com o muito bem sucedido “Forever Your Girl”, com vários singles a figurarem na lista Hot 100 da Billboard.
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JANET JACKSON | Provavelmente a estrela pop feminina mais popular – depois de Madonna – que ainda continua no activo desde os anos 1980, Janet Damita Jo Jackson nasceu a 16 de Maio de 1966 e iniciou a sua aventura na indústria na década de 1970 com os Jackson 5. Desde então, ainda não parou. Quando tinha apenas 16 anos, o seu pai e manager Joseph Jackson arranjou-lhe um contrato com a A&M Records, editora que lançaria a sua estreia a solo, “Janet Jackson”, em 1982. Mas foi apenas ao terceiro álbum – “Control” (1986) – que Janet atingiu o estrelato, através de uma inovadora fusão de dance-pop com hip-hop e R&B e que lhe valeu entrada para o número 1 da Billboard 200 e cinco discos de Platina por mais de 10 milhões de cópias em todo o mundo. Símbolo da música pop dos anos 80, Janet destacou-se ainda por ter sido sempre uma das artistas mais bem pagas da cena, por arrecadar seis Grammy e por fazer parte do Rock ‘n’ Roll Hall Of Fame desde 2019.
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TINA TURNER | Não poderíamos deixar de terminar esta lista com um dos maiores nomes de sempre, Tina Turner, responsável por alguns dos maiores êxitos da década e que lhe valeram o título de “Rainha do Rock”. Nascida Anna Mae Bullock, em Nutbush, Tenessee, a 26 de Novembro de 1939, Tina Turner ostenta uma carreira estendida ao longo de seis décadas. O seu primeiro contacto com a música deu-se ainda na infância como integrante de um coro de uma igreja batista e, embora tenha começado a cantar em 1955 na banda The Kings of Rhythm, só iniciou a sua carreira profissional em 1958. A fama chegaria a partir de 1960, quando a banda se desfez e Tina se tornou membro da dupla Ike & Tina Turner. Em 1974, iniciou o que seria o paralelo para a sua futura carreira a solo, com alguns trabalhos independentes como “Tina Turns the Country On!” (1974) e “Acid Queen” (1975). Na sua autobiografia “I, Tina”, publicada em 1986, Turner revelou humilhações e agressões físicas infligidas pelo seu então marido, Ike Turner. Após o divórcio, em 1978, Tina conseguiu reconstruir a sua carreira aos poucos, dominando por completo a década de 1980. Fruto de uma voz poderosa e inconfundível e de temas incontornáveis, Tina Turner já ganhou 12 Grammy, faz parte do Rock ‘n’ Roll Hall of Fame e do Hollywood Walk of Fame e já vendeu mais de 300 milhões de discos em todo o mundo. Quem não conhece hinos como “Private Dancer”, “Foreign Affair”, “What’s Love Got To Do With It” ou “The Best”? Com um ADN musical único, o legado de Tina Turner é tão intransponível quanto influente e a artista é, ainda hoje, considerada dona de um das mais belas e viscerais vozes do cenário musical mundial de sempre.