AS10, Jameson Urban Routes
A edição de 2014 do Jameson Urban Routes transporta consigo o melhor e mais ambicioso line-up até à data.
Pelo Musicbox irão passar projectos, nacionais ou internacionais, que são intrigantes, desafiantes ou, simplesmente, interessantes. O cartaz localizado integralmente no mesmo espaço torna difícil perder qualquer uma das actuações. Ainda assim, deixamos as que nos parecem absolutamente imperdíveis.
SEQUIN | Compositora audaz e descomplexada, Ana Miró, a Sequin, estreou-se este ano com o LP “Penelope”. Capaz de beats dentro duma zona pop ou ambientes mais complexos, em “Penelope” ouvimos um disco cheio de equilíbrio. Ao vivo, com banda, possui um vibe mais funked out!
MEMÓRIA DE PEIXE | Num país cujos guitarristas estarão ainda demasiado agarrado aos estereótipos do shred, Miguel Nicolau parece ter descoberto um novo oceano. Composições em math rock que não desperdiçam qualquer impulso melódico e dinâmicas em crescendo emocional. Aguarda-se novo disco, depois da estreia em 2012, mas é sempre bom rever um dos guitarristas mais criativos que temos.
FUTURE ISLANDS | Ao quarto trabalho, “Singles”, o synth pop dos Future Islands já não é apenas uma ideia vaga, associada às prestações explosivas do seu dançarino frontman, Samuel T. Herring. “Singles” é um dos melhores álbuns do ano. O concerto está esgotado. Se são um dos que o esgotaram, não só são malta sortuda, como são também malta que sabe.
KEEP RAZORS SHARP | Depois de um ano em que souberam fazer crescer a expectativa em torno do projecto, os Keep Razors Sharp cumpriram todas as promessas com o seu recente e homónimo LP de estreia. Agora que conhecemos o disco, começa a ser mais fácil perceber aquilo que fomos ouvindo ao vivo durante os festivais de Verão que a banda percorreu. Agora a exigência será também maior, em função do excelente disco que, sem ponta de nacionalismo, é um dos trabalhos do ano. Será excitante confirmar a banda a tornar-se plena em palco.
GLASS ANIMALS | A excentricidade de arranjos dos Glass Animals é paralela à criatividade dos mesmos. O disco de estreia, “Zaba”, editado em Junho é um exercício fascinante na quebra de paradigmas. É certo que a roda não foi inventada agora e que, por mais que se fale em indie rock e Oxford, os frutos aqui colhidos têm a sua origem nas sementes de experimentalismo de Peter Gabriel ou Eno. Frutos de uma nova colheita, os Glass Animals são uma das mais interessantes propostas que a indústria musical colheu este ano.
TIM HECKER | Um dos desafios mais excitantes do Jameson Urban Routes será contemplar a transposição dos ambientes etéreos de Tim Hecker para concerto. Mestre na construção e manipulação de crescendos sonoros, na variedade de intensidades ou na suspensão das mesmas, Hecker atingiu o seu zénite criativo com o álbum de 2013, “Virgins”.
THE GLOCKENWISE | Depois de “Building Waves” ter rebentado no espaço alternativo português que nem uma bomba artesanal carregada de irreverência, potência e borbulhas na cara. O sucessor, “Leeches”, chegou como réplica desse primeiro impacto e, uma vez mais, forte, robusto, carregando personalidade, electricidade, mas desta vez com pêlos na cara. Os Glockenwise voltaram a sustentar a fidelidade ao garage rock com pitadas de surf, de punk, de indie, de pop. “Leeches” tem mais e melhor consistência, mais e melhor composição, mais e melhor primor, o mesmo que dizer, mais e melhor Glockenwise.
LOWER | Com o selo de qualidade da Matador Records e a reputação da emergente cena punk dinamarquesa, os Lower estão pela primeira vez em Lisboa, quiçá em busca de climas mais amenos. “De linhagem crua, áspera e distante. Um compacto de intensidade, um estoiro de vivacidade. Vocais, guitarras e percussão perfilam os princípios e a ordem do underground”.
STRAND OF OAKS | Entre o tumulto pessoal e uma redescoberta musical, Timothy Showalter criou neste álbum a sua melhor canção. Se fosse o caso, valeria a pena ver um concerto por causa de uma única música? Sim, se essa música for “JM”. Mas “Heal” é ainda um álbum em que assistimos à transfiguração completa de um artista, a um renascimento que merece ser testemunhado ao vivo.
SHABAZZ PALACES | A vinda do duo de Seattle a Lisboa poderá tornar-se num dos concertos do ano! O experimentalismo dos Shabazz Palaces é, desde a sua estreia em 2011, como um bálsamo ao quão previsível se tornou o mainstream do género. Sem o espalhafato de «Yo’s» e «Bitches», apenas criatividade e charme marginal.