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Barroselas Metalfest, Bootleg Series: Kreator & Triptykon ao vivo no SWR 13 [Vídeo]

Barroselas Metalfest, Bootleg Series: Kreator & Triptykon ao vivo no SWR 13 [Vídeo]

Nero

O SWR Barroselas Metalfest foi adiado para 2021, devido à pandemia Covid-19. Altura para viver o espírito do festival digitalmente. A AS e a LOUD! relembram alguns dos melhores concertos de edições passadas. 2010 foi o ano dos colossos, Kreator e Tom G. Warrior a liderar Triptykon.

Quando os irmãos Tiago e Ricardo Veiga formaram a SWR Inc. e decidiram agitar a freguesia de Barroselas, com um festival dedicado à brutalidade do death metal e grindcore, trouxeram os espanhóis Avulsed ao nosso país, em 1998, numa altura em que a banda contava com dois álbuns bem recebidos pelos exigentes ouvintes do género, “Carnivoracity” e “Eminence In Putrescence”. A acompanhá-los estavam os nacionais Agonizing Terror, Defaulter, Kamikazes e Casablanca.

Estava também impressa a vontade de erigir um altar dedicado ao mais profundo underground do peso, das guitarras de sonoridades extremas e destruição de amplificadores.

Este ano seria a XXIII edição. Vamos recuar dez anos e lembrar uma edição que reuniu dois dos maiores colossos da música extrema nos palcos do SWR e congregou um dos melhores cartazes de sempre. Desde logo com a presença de dos Kreator e dos Triptykon, que continuavam o legado negro de uma das bandas mais importantes de sempre do submundo da amplificação, os Celtic Frost.

Em 2010, fomos surpreendidos pelos Saviours. Grande escola presente nos temas, que passeavam entre o thrash americano e o heavy metal britânico. Grandes malhas, grandes melodias de guitarras e uma banda que teve em palco uma prestação exemplar. Outra das surpresas ou descobertas, para nós, nesse ano foi o som surpreendente dos californianos Grayceon. Max Doyle, Jackie Perez Gratz e Zack Farwell fazem um enquadramento perfeito do uso dum elemento “clássico” como o violoncelo, também por surgir em lugar do baixo e sem criar confusão de espectros harmónicos, sem enrolar o som. Sem ter a densidade da sonoridade post, abraça qualquer coisa da mesma, mas numa velocidade rítmica mais elevada, mais dentro do metal clássico. Com o único reparo de que a banda poderia apostar mais no elemento vocal, para os temas não correrem o risco de saturar. Custou-nos, na altura, o concerto de Immolation, mas valeu a pena.

Celeste, Process Of Guilt, Morte Incandescente, Decayed, Dying Fetus. Tremendos concertos que ainda hoje ecoam na nossa memória. E a primeira vez que vimos, ao vivo, os Jucifer. Quantas são as bandas que conseguem congregar adeptos do black metal ao sludge, do stoner ao punk? Vibrante a prestação de Gazelle Amber Valentine, nas vozes e na guitarra e simplesmente assombrosa a do baterista Edgar Livengood. Houve partes de uso dos timbalões tocadas, literalmente, a soco. Não é algo que seja impressionante apenas visualmente, mas torna-se também extravagante a nível sonoro – um dos melhores bateristas que já vimos ao vivo. São apenas dois elementos, mas com uma força harmónica e uma dinâmica que imensas bandas  não atingem. Foi um concerto fenomenal, com uma vibração rock n’ roll e uma maturidade exemplar na fusão de géneros que tornam esta banda única.

Em 2006, os Celtic Frost tinham quebrado um hiato de 16 anos com o seu fabuloso quinto e último álbum, “Monotheist”. Em 2008, Thomas Gabriel Fischer anunciou a sua saída da lendária banda suíça e fundou os Triptykon. Em Março de 2010, foi editado o aclamado “Eparistera Daimones” e um mês depois o SWR ouvia uma sonoridade que ainda retinha muita densidade estética de “Monotheist”. Será sempre um dos grandes momentos da história do festival. E mais um motivo da importância do Barroselas Metalfest: ter ali a poucos metros Tom G. Warrior a empunhar a sua Ibanez H. R. Giger, da série Iceman. ninguém nos tira essa imagem da memória.

Todavia essa mesma memória falha-nos na evocação de outras lendas, os Kreator. Os copos e os anos não ajudam. Tiago Veiga, partilha memórias da azáfama no backstage: «O nosso staff teve muita dificuldade para montar uns side drops… Demorou horas e teve que se recorrer a umas grades e uns paus. Ainda por cima aquilo ficou de lado e mal se viu! E o pessoal que montou aquilo ficou piurso». A técnica de luzes dos titãs germânicos do thrash era portuguesa. Tiago Veiga recorda também um Mille Petrozza algo carrancudo. Em 2010, a banda andava a promover o álbum editado no ano anterior, “Hordes of Chaos”. Portanto, esse disco foi exposto em palco, ao lado de clássicos como “The Pestilence”, “Flag Of Hate” ou “Tormentor”.

Com a edição deste ano transposta para 2021, a organização já partilhou informações sobre os bilhetes. Lê-se em comunicado: «Em primeiro lugar, os vossos bilhetes do SWR FEST 23 serão tão válidos em 2021 como seriam em 2020 e gostaríamos que apostassem em nós para o próximo ano. Com certeza tudo faremos para que o cartaz seja o mais fiel possível ao divulgado e grande parte das bandas já nos confirmaram a sua presença. Para os que, no entanto, pretendam solicitar o reembolso, por favor contactem order@swr-inc.net até 15 de Maio, para mais detalhes sobre os procedimentos que irão decorrer nas próximas semanas».

O nosso conselho é que se agarrem a esses bilhetes, deixem passar este ano desgraçado e voltem ao Minho em 2021. Até lá, eis um apanhado desse soberbo ano que foi 2010.