Gibson Les Paul 1952-1960
Os 10 modelos mais superlativos da história Les Paul. A evolução até à queda de vendas, ao surgimento da SG e ao divórcio entre a Gibson e Lester Polfuss.
A Gibson, já sob o comando de Ted McCarty, decidiu, finalmente, chamar Lester “Les Paul” Polsfuss e criar a sua primeira solid body. Em 1952 surgiu a primeira “encarnação” da lenda.
Como se pode ler no artigo sobre Les Paul, o modelo receberia o nome do músico, devido à credibilidade que o seu talento criara. Mas o próprio McCarty teve um papel igualmente decisivo no design final da guitarra e na sua evolução. A Gibson decidiu usar os seus P-90, criados em 1946. O single coil com esteróides garantia volume, corpo e ataque, ao mesmo tempo que a dupla bobina do pickup anulava o ruído estático. Les Paul desejava construir a guitarra num corpo maple (bordo), com tampo em mogno, para conseguir mais densidade e sustain. McCarty definiu o oposto, para evitar um peso monstruoso na guitarra.
Eis os modelos clássicos da Les Paul.
’52 GOLDTOP | O modelo que começou tudo. Com as madeiras referidas, o corpo era uma peça lisa e o tampo aquela curvatura elevada tão característica dos modelos. A tailpiece ainda era algo desajeitada, no sistema trapeze, mas o par de P-90 era um luxo. Aliás, luxo era o que a Gibson pretendia evocar com as guitarras e Les Paul decidiu dar-lhe o acabamento dourado.
’53 GOLDTOP | Além de serem estreados os modelos mais caros, os Custom, o segundo ano de produção trouxe logo outra inovação determinante para a evolução das Les Paul. McCarty decidiu-se mudar a ponte da guitarra e surgiu a híbrida ponte/tailpiece. A afinação da guitarra e a sua acção ganharam outra solidez. Mas McCarty continuou a trabalhar no sistema…
’54 GOLDTOP | A criação da nova tailpiece permitiu aplicar outros ajustes ao design. Os engenheiros da Gibson decidiram aumentar a profundidade do ângulo do braço. Por sua vez, essa decisão melhorou a acção das cordas e tornou mais fácil ajustar a ponte. Com a reputação das guitarras a crescer, depois das topo de gama Custom, surgiu neste ano a versão de entrada, a Junior.
’55 CUSTOM | A consolidação da gama Custom. Os modelos de 1955 ganharam a alcunha de “Black Beauty”. O negro como acabamento pretendia associar a guitarra a eventos de gala, como o uso de um smoking. Possuía binding de múltiplas camadas, inlays quadrados ao longo de uma escala em ébano, hardware dourado e trastos mais baixos que os das restantes gamas. Além disso, a “Black Beauty” não possuía maple top. Foi neste ano, e este modelo aproveitou isso, que surgiu a criação da ponte tune-o-matic, que ainda hoje é um padrão industrial. A nova ponte tornava mais fácil trocar as cordas, ajustar a acção e manter a afinação. Imagine-se, McCarty nem sequer tocava guitarra…
’56 SPECIAL | Um dos melhores modelos económicos da Les Paul. Tal como as mais “antigas” Junior, este modelo surgia sem a curvatura da cobertura de maple. O seu corpo liso aproximava-se, diga-se, do design Telecaster. A grande diferença para os modelos Junior foi a inclusão de dois P-90, em vez de apenas um.
’57 STANDARD | O estágio final para a glória plena da Les Paul. O próprio Les Paul e McCarty desejavam um circuito que anulasse ainda mais o ruído das guitarras. Decidiram-se pelos humbuckers PAF de Seth Lover. Duas bobinas enroladas em série e fora de fase. A potência do som anunciava o princípio de uma nova era.
’58 CUSTOM | Como se não fosse já suficientemente espectacular, a “Black Beauty” passou a ter afinadores Grover Rotomatics, em vez de Kluson. E, tal como a Standard, recebeu os humbuckers. Mas em vez de dois, passou a ostentar três! Se possuem uma, devemos confessar que são alvo de injúrias aqui na redacção…
’59 JUNIOR DOUBLECUT | Um modelo que anunciava mudanças na Gibson. A Junior passou para um design de duplo cutaway, preâmbulo para os “chifres” da SG. Nem a Junior nem a Special passaram para os novos circuitos humbucker, nem para as novas pontes tune-o-matic.
’59 STANDARD | O “Burst”, surgido em ’58, substituindo o acabamento Goldtop, e o poder sonoro podem ter sido menosprezados no início, mas este modelo tornou-se uma autêntica lenda. Corpo e som massivo, mas ambos cheios de balanço e mística. A Les Paul, após 7 anos de existência, atingiu neste modelo o seu zénite. É uma das guitarras mais falsificadas do mundo e é o Santo Graal!
’60 STANDARD | Tudo o que fora conquistado com os modelos ’58 e ’59 surgia em ’60 com uma peculiaridade. O modelo deste ano foi concebido com um braço mais fino do que era tradição nas Les Paul. Hoje os guitarristas dividem-se no gosto, ou buscam o perfil clássico dos anos 50 ou o perfil slim dos anos 60. Foi o último modelo, antes da queda.
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