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ENTREVISTA | Mini Mansions: Histórias Verídicas, Rock ‘n’ Roll & Equipamento Japonês

ENTREVISTA | Mini Mansions: Histórias Verídicas, Rock ‘n’ Roll & Equipamento Japonês

António Maurício

Conversámos com Michael Shuman antes do concerto de Mini Mansions em Lisboa, onde aprofundamos a criação e o desenvolvimento do novo álbum “Guy Walks Into A Bar…”.

Os Mini Mansions são uma banda de Rock ‘n’ Roll constituída por Zach Dawes, Tyler Parkford e Michael Shuman (talvez mais reconhecido como baixista dos Queens of the Stone Age). Editaram no dia 26 de Julho o seu mais recente álbum, “Guy Walks Into A Bar…”, e estivemos à conversa com o, aqui, guitarrista e vocalista Michael Shuman antes do primeiro concerto em Portugal – apresentaram-se em Algés, como banda de abertura dos Muse (em digressão europeia – lê a review).

Além dos três membros iniciais, contam actualmente com a presença de John Theodore (também dos QOTSA) como baterista. Os tópicos incluíram a história do novo álbum, o processo de criação, equipamento essencial e japonês. Lê abaixo.

O vosso novo álbum, “Guy Walks Into a Bar”, têm uma história, correto? Podes explicar um pouco o conceito?
Michael Shuman: Sem dizer que é conceptual, o conceito é baseado numa história real. Basicamente, inclui eventos que me aconteceram e, claro, também existem músicas do Tyler Parkford lá pelo meio, mas fala muito sobre uma relação minha que durou dois anos e onde me apaixonei. Era fantástica, mas… Terminou. Estávamos a fazer o álbum enquanto esta relação estava a acontecer, por isso o projecto leva-te por esse caminho. A maioria das letras foram escritas por mim, mas enquanto banda também queríamos fazer um álbum que fosse para todos nós e para todos os ouvintes. Por isso, apesar de ser muito pessoal, também foi feito para que todos possam ter a sua própria experiência pessoal e relacionar-se com o disco.

É o vosso terceiro disco de estúdio. Se tivessem que o descrever a alguém que nunca ouviu Mini Mansions, o que diriam?
Michael Shuman: Por baixo de tudo, somos uma banda de rock ‘n’ roll. Mas desde o início, sempre quisemos fazer arte e não apenas músicas para a rádio ou música para as massas. Queríamos fazer algo único, algo que as pessoas coloquem a tocar e digam: «Isto soa a Mini Mansions». Temos músicas pop com uma fundação rock ‘n’ roll e embrulhadas em arte.

Como é que começam a compor uma música? Como foi o processo de criação?
Michael Shuman: Tem sido diferente entre os três álbuns. Neste álbum, cada música foi projectada de forma isolada. Normalmente, eu e o Tyler Parkford reunimos músicas, demo-tapes e ideias e analisamos tudo em conjunto. Aqui, levámos músicas quase completas e depois modificamos para se tornar o mais e melhor Mini Mansions possível. Isto aconteceu porque não estivemos muitas vezes juntos, estávamos em digressão com outras bandas e não tivemos tempo para nos sentarmos numa sala em conjunto e compor como em álbuns anteriores. Mas podes ouvir a isolação e é isso que torna este álbum o mais pessoal de todos, porque não existiu muita influência exterior. Normalmente começamos pelos instrumentais. No entanto, este é o primeiro álbum que… Nunca fui um gajo de letras, não gosto de Bob Dylan, porque ele é só letras, nunca me senti próximo desse estilo, sempre gostei mais de criar música e depois escrever a letra para a música. Mas, neste álbum, aconteceu pela primeira vez ter uma linha ou uma frase e pensar «a música vai ser sobre isto» e depois escrevi tudo à volta desse pensamento.

Podes referenciar uma peça de gear que tenha sido essencial para a sonoridade geral do novo álbum?
Michael Shuman: Em primeiro lugar, foi a primeira vez que tivemos um baterista a sério, um baterista dedicado para este álbum, o John Theodore. Essa é uma constante durante o álbum. A bateria também se mantém igual durante todo o álbum porque usámos um reverse reverb Eventide e esse som, se ouvires com atenção, vai estar presente na bateria durante toda a duração do disco. Quis experimentar mais guitarras neste álbum. Normalmente, nunca utilizo Les Paul e aqui utilizei várias vezes Les Paul Goldtop. Também adorei tocar Jazzmasters. Depois em termos de pedais, acho que em praticamente todas as músicas temos um wah antigo da Morley, um daqueles grandes [Power Wah]. O entrançamento é muito mais largo nesses antigos.

E o equipamento utilizado em estúdio é transportado para os espectáculos ao vivo?
Michael Shuman: Essa é uma parte difícil, mas também das mais divertidas. Porque fizemos o álbum, sabemos o que utilizámos e agora temos que pensar em como o apresentar ao vivo. Não podemos levar os pedais vintage e essas coisas todas, por isso como é que vamos fazer? Felizmente, existem excelentes construtores de pedais que conseguem fazer todo o tipo de coisas. Utilizo, por exemplo, um Auto Wah da Boss, por isso posso ter esse som e nem ter o pé no wah enquanto estou a cantar.

Quem gasta mais dinheiro em gear?
Michael Shuman: (Risos) O Zach! O Zach compra e vende gear, até tem um website (zacharydawes.com/classifieds) onde só vende gear do Japão. Sintetizadores raros, Echo’s, etc. Vão lá ver!

Tocas baixo nos Queens of The Stone Age e guitarra nos Mini Mansions. Transportas algo do baixo para a guitarra, ou vice-versa?
Michael Shuman: Não, tal como falamos, a forma de composição foi bastante isolada neste álbum. Aliás, eu e o Tyler criamos grande parte do baixo neste álbum, não sei se transporto o baixo de QOTSA para a guitarra de Mini Mansions, mas como sou um baixista, gosto de compor linhas de baixo… Quem tiver uma ideia e quiser chegar-se à frente, está à vontade, é assim que funcionamos.

Como está a correr a digressão com os Muse? As pessoas que ouvem Muse talvez não estejam familiarizadas com a vossa música…
Michael Shuman: A maior parte destas pessoas nunca ouviram falar de nós. Acho que até existe uma grande cruzamento e se ouvissem os nossos álbuns talvez até descobrissem que gostam das nossas músicas e das músicas do Muse. O problema é que quando vamos abrir o concerto, estamos em modo audição para todas esta pessoas. Temos pouco mais de 30 minutos e temos que dar o nosso melhor…