Kurt Cobain, O Rosto de Uma Geração
Para uns, um marco na história do rock popular. Para outros, um símbolo de toda uma geração. Do anonimato ao estrelato. Da imaginação à realidade. Já muito se disse, escreveu e pensou sobre a vida de Kurt Cobain. No dia em que se assinala a sua morte, o que importa saber sobre o maior ícone dos anos 90.
No dia 5 de Abril de 1994, o rock perdeu aquele que, muito provavelmente, terá sido a sua última grande figura. De há vinte anos a esta parte, o rock não morreu, pois nunca morrerá, mas ficou francamente mais pobre e isolado. Nunca mais o rock simples, directo, sincero e fenomenal, teve um líder tão admirado, conturbado, mediático e popular. O último foi Kurt Donald Cobain, e suicidou-se. Pôs termo à vida aos escassos vinte e sete anos depois de deixar pedaços de personalidade, identidade e história espalhados por algumas das canções mais brilhantes que o rock guardará para a eternidade.
Subiu ao palco da fama para criar um misto de raiva e doçura. Talento, simplicidade e pouca postura. Tão genial e vulnerável como ele próprio. Umas vezes, puro e seguro. Outras vezes, feito e imperfeito. Como a sua música que um dia imaginou ser uma mistura entre Beatles e Black Sabbath, ligando o underground ao mainstream com mestria e excelência.
Sem grandes dificuldades ou complicações. Num formato básico e certeiro, que não era novo, mas era bom, muito bom. Onde Kurt Cobain foi a voz de todas as dúvidas, incertezas, confusões e aspirações de uma geração, a sua. A maior referência estética e comportamental do último grande movimento social e musical que o rock deixou, o grunge. Aquele que não inventou nem o som, nem o termo, mas popularizou-o.
Kurt Cobain gostava dos ABBA, não era de Seattle, nem inventou o grunge – Everett True
O líder do grupo mais importante e influente dos anos 90, de figura desleixada e franzina, que não era propriamente um extraordinário vocalista, ou guitarrista, mas tinha demasiada audácia, franqueza e carisma. Nunca, sem ele, a flanela tinha sido uma imagem de marca no rock. Nunca, sem ele, passados vinte anos as camisas aos quadrados seriam moda outra vez. E quem é que nunca usou calças rotas e All-Star sujos?! E quem é que nunca ouviu, mesmo que pela primeira vez, os acordes de “Smells Like Teen Spirit” e não se perdeu numa estupenda explosão de irreverência, inocência, rebeldia e fantasia de um espírito adolescente?!
Porque a sua música não foi nada mais, nada menos, que um reflexo puro e natural de um pensamento e sentimento adolescente. Atrevido e ingénuo. Rebelde, revolto, romântico, sedutor. Comum à passagem dos tempos. Comum à afirmação de gerações. Não fosse o rock mais do que música, uma atitude. E Kurt Cobain mais do que um ídolo, uma história.
Entre Dezembro de 1992 e Março de 1993, o jornalista e crítico musical Michael Azerrad realizou um conjunto de entrevistas a Kurt Cobain. A maioria das gravações áudio tiveram lugar entre a meia-noite e a madrugada na sua casa em Seattle. Um ano depois Kurt Cobain cometera suicídio. No dia em que se assinalam vinte anos do seu desaparecimento, About a Son é um retrato íntimo e detalhado contado na primeira pessoa, sobre a vida e obra do maior ícone dos anos 90.
Não penso que a minha história seja triste, nem diferente de tantas outras histórias – Kurt Cobain