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Máquina do Tempo: A História dos Icónicos Rock ‘n’ Roll Billboards da Sunset Strip

Máquina do Tempo: A História dos Icónicos Rock ‘n’ Roll Billboards da Sunset Strip

Rodrigo Baptista

Uma viagem pela iconografia rock em Los Angeles nos anos 60 e 70, através da lente de Robert Landau.

A publicidade sempre foi um veículo muito importante para o desenvolvimento do mercado musical, naturalmente. A partir dos anos 60, muito antes de existirem qualquer tipo de redes sociais ou até mesmo a MTV, era notório o crescimento que a indústria estava a atravessar. As editoras começavam a desenvolver-se para se tornarem nos gigantes que são hoje e os artistas a ganhar mais visibilidade. Era, então, necessário acompanhar esse crescimento e fazer com que a música chegasse a mais pessoas.

A criação de billboards como um meio de publicidade para os novos lançamentos musicais foi um dos meios mais eficazes ao longo das décadas de 60 e 70. Estamos a falar de cartazes gigantes, com um forte impacto visual, que podiam ser observados pelas pessoas que caminhavam nas ruas, mas também por aqueles que viajavam de carro.

Los Angeles foi a principal cidade dos Rock ‘n’ Roll Billboards. Era lá que estavam sediadas as grandes editoras como a Capitol Records ou a Asylum Records, por outro lado a Sunset Strip, um trecho da Sunset Boulevard, era e ainda é uma importante artéria da cidade e um grande centro musical, com os seus clubes de rock como o Whisky A Go Go, o Rainbow ou o Roxy Theater e ainda a mítica Tower Records, que se revelou bastante importante para o desenvolvimento do mercado musical na década de 70. Ir a Los Angeles nos finais dos anos 60 e ao longo de todos os 70 era como se estivéssemos a entrar num autêntico museu de arte ao ar livre…

Robert Landau. Fotografia por: Victornia Bernal

Robert Landau cresceu mesmo ao lado da Sunset Strip, nos anos 60, e testemunhou todo este movimento artístico e musical e, ao aperceber-se da efemeridade dos billboards, pois para além de serem pintados à mão eram apagados para darem lugar a outros, decidiu registá-los para a posteridade e reuni-los mais tarde num livro a que chamou “Rock ‘n’ Roll Billboards of the Sunset Strip”.

Posto isto, decidimos organizar uma selecção de alguns dos Rock ‘n’ Roll Billboards mais emblemáticos que foram registados por Landau.

The Doors. “The Doors”, 1967

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Este foi o primeiro billboard a ser erguido na Sunset Strip. Numa altura em que os The Doors estavam a começar a ganhar projecção e o primeiro álbum tinha acabado de sair, Jack Holzman, o presidente da Elektra Records decidiu apostar num grande cartaz para promover o álbum homónimo da banda. O aluguer do billboard custava cerca de 1200$ por mês.

The Beatles. “Abbey Road”, 1969

The headless Paul McCartney in Robert Landau’s photo of the Abbey Road billboard on the Sunset Strip.

O último álbum dos Beatles foi também o primeiro da banda de Liverpool a ser exibido na Sunset Strip. O autor do billboard foi Roland Young, optando por manter o design original do álbum, pretendia destacar a cara dos Fab Four, o que resultou depois numa extensão das suas cabeças para além das dimensões do cartaz, transmitindo assim uma ideia de movimento. Devem estar a perguntar porque é que a cabeça do Paul está cortada na segunda foto, isso está relacionado com uma histórica curiosa…

No final dos anos 60 surgiram alguns rumores de que Paul McCartney teria morrido num acidente automóvel e, numa forma de brincadeira, um rapaz chamado Bob Quinn e um grupo de amigos decidiram subir até ao billboard e cortar a cabeça de Paul McCartney, justificando assim os rumores que se ouviam. Quando a empresa que desenhava os billboards se apercebeu da situação rapidamente contactou Roland Young. Inicialmente a ideia era substituir o cartaz, mas quando Young se deslocou até ao local mudou a sua opinião e decidiu mantê-lo, justificando que assim iria atrair mais atenção.

Passados mais de 40 anos, quando Landau estava a reunir as fotografias para entrarem no seu livro, fez um anúncio na internet a dizer que oferecia um livro a quem levasse a cabeça de Paul McCartney para o lançamento de “Rock ‘n’ Roll Billboards of the Sunset Strip”, Quinn acedeu ao pedido e apareceu com aquele pedaço de história que tinha estado durante décadas na parede de sua casa e é graças a ele que ainda hoje subsiste uma memória daquela época.

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The Who. “Tommy”, 1975

Este billboard foi desenhado para promover o filme “Tommy” de 1975, baseado na ópera rock que os The Who tinham lançado em 1969. Por vezes, os billboards eram bastante apelativos visualmente, mas também difíceis de decifrar, o que acabava por resultar num fracasso comercial. Este é um desses casos, sem texto que remetesse para o nome do artista, dificilmente o público alvo iria relacionar os dois grandes olhos representados com as pinballs, alusivos à musica “Pinball Wizard” presente em “Tommy”.

Bruce Springsteen. “Darkness on the Edge of Town,” 1978

Quando o Boss passou por Los Angeles em 1978, para tocar no mítico The Forum, decidiu ir até à Sunset Strip dar uma vista de olhos no seu billboard. Springsteen odiou o cartaz, referindo que lhe tinham feito o nariz demasiado grande. Então, durante a noite, ele e mais uns quantos membros da E Street Band subiram até ao billboard e grafitaram o cartaz. A ideia inicial era fazer um bigode em si próprio, mas como Bruce não conseguia chegar tão alto ficou-se pela frase “Prove It All Night”.

Cheap Trick. “Dream Police”, 1979

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Não era só com as capas dos álbuns que se faziam billboards, por vezes a imagem que estava no gatefold era mais apelativa e resultava melhor no enquadramento dada a sua fisionomia horizontal. Este é um desses exemplos, um billboard a promover o álbum dos Cheap Trick “Dream Police”, onde em vez da capa do álbum foi utilizada a imagem que o cliente encontrava dentro do LP quando o abria.

Pink Floyd, “The Wall”, 1979

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Em 1979 os Pink Floyd lançaram a suamais reconhecida obra-prima, “The Wall”. Este billboard alusivo ao álbum, foi talvez o mais original em relação à forma como foi publicitado. Inicialmente, quando o cartaz foi exposto, as pessoas não percebiam do que é que se tratava, pois apenas viam uma parede com tijolos brancos, no entanto, à medida que se aproximava a data do lançamento do álbum iam sendo retirados vários tijolos que desvendavam um desenho que se encontrava por baixo e que correspondia ao design presente no gatefold do LP.

O livro “Rock ‘n’ Roll Billboards of the Sunset Strip” está disponível para venda e podes comprá-lo aqui. Robert Landau está também neste momento a trabalhar num documentário chamado “Sign O’ The Times: Rock ‘N’ Roll Billboards of the Sunset Strip”, onde entrevista várias personalidades que estiveram também em contacto com esta indústria dos billboards, desde músicos e designers a diretores de empresas discográficas. A data para o lançamento do documentário ainda não foi revelada.