A Radiofonia de White Haus
João Vieira reflecte sobre a importância de ouvir discos para construir discos. Em entrevista, o músico fala-nos do segundo álbum de White Haus, “Modern Dancing”.
O músico portuense João Vieira, também conhecido como DJ Kitten, lançou a 30 de Setembro o segundo registo discográfico assinado como White Haus,“Modern Dancing”. O novo disco do projecto do multi-instrumentista distingue-se por ter sido um trabalho na sala de ensaio com banda, em oposição de um esforço mais solitário, como “The White Haus Album”, e depois gravado e misturado na Meifumado, por Zé Nando Pimenta. «É um disco mais orgânico, menos lo-fi e menos sombrio que o anterior. O disco emana uma energia mais positiva e mais alegre», refere João Vieira.
Há uma ausência grande de guitarras neste último álbum. Queria explorar um universo diferente, das caixas de ritmo, dos sintetizadores. Os próprios sons acabaram por me levar para um som anos 80
Em entrevista com a AS, o músico reflecte sobre a miríade de influências do álbum e sobre a relevância de possuir uma colecção abrangente de discos, algo muito importante para quem faz música e que «pode ser benéfico e pode não ser. Se ouves muito só uma ou outra banda em específico, tens tendência a ir buscar demasiadas coisas dessa banda e é sempre uma referência. Acho interessante quando um grupo tem muitas referências e tem uma identidade própria. Correndo o risco de estar a dizer algo que as pessoas vão achar mal, essa coisa de os músicos não ouvirem muitos discos, acho que se passou muito em Portugal nos anos 90. Havia muitos bons músicos, mas ouviam pouca música. Eu era exactamente o contrário, se calhar não me dedicava tanto a tocar um instrumento e dedicava-me a ouvir muita coisa».
Trabalhei muito com o Roland Juno-6. Acabou por ser o meu sintetizador preferido, adoro trabalhar com ele
João Vieira confessa que «antes de ter uma banda e fazer música, queria ter um programa de rádio. Coleccionava discos e não sabia que um dia ia cantar ou tocar um instrumento. A música que faço hoje em dia e as ideias que vou buscar são coisas automáticas, não vou buscar essas referências ou ouvir agora, mas estão cá dentro e muitas são coisas que ouvi até quando era mesmo miúdo. E neste disco vou buscar muitas dessas influências, de new wave, finais de 70, inícios de 80, música que ouvi muito novo e que ainda hoje faz sentido».
O coleccionador de discos, passou na nossa redacção, para desvendar a construção de “Modern Dancing”. Carrega no Play e vê a entrevista em vídeo.