Mário Delgado Rebenta a Fender Jimmy Page Signature Telecaster I
Os modelos Fender com a assinatura de Jimmy Page entusiasmaram meio mundo. Fomos visitar o Mr. Jack com o Mário Delgado e passámos uma tarde a experimentá-las e a curtir Led Zeppelin. Eis o nosso veredicto sobre a Jimmy Page Mirror Telecaster.
Estávamos ainda em 2018 quando a Fender anunciou ir juntar-se às comemorações do 50º Aniversários dos Led Zeppelin e a Jimmy Page para recriar a mística 1959 Telecaster do guitarrista. Imediatamente, a guitarra tornou-se um dos lançamentos mais aguardados do ano e é a estrela maior da celebração das cinco décadas dos Led Zeppelin (o primeiro álbum chegou em 1969, após a formação da banda em 1968). Na mais recente edição impressa da AS, que celebra os 50 anos do hard rock, suportando-se precisamente na origem dos Led Zeppelin, podem ler sobre estes assuntos em maior profundidade.
Foram quatro versões, duas de produção normal e duas de edição limitada, construídas por Paul Waller na Fender Custom Shop, recriando o visual dos espelhos circulares ou a pintura do dragão. Ao contrário do que tantas vezes sucede com estes instrumentos de artista, a Fender garantiu ambas as versões da guitarra, a espelhada e a pintada, nas gamas de produção normais, de forma a permitir modelos mais acessíveis à maioria dos fãs. Foram estes dois modelos que convidámos Mário Delgado (um dos guitarristas que elegemos para os dez melhores da última década) a experimentar. Para isso, fizemos uma visita ao Mr. Jack – Guitars N’ Stuffs.
SPECS
Paul Waller, Master Builder na Fender Custom Shop que liderou o projecto, deixou as suas impressões sobre esta criação: «O Jimmy abordou-nos com a ideia de recriar a sua guitarra em Fevereiro passado e mal começámos a planear as coisa pude sentir toda a sua paixão com o processo. Para chegar à sua visão, quis recriar com exactidão cada pequeno detalhe, para que não se possa distinguir o original destes modelos. É por isso que somos reconhecidos na Fender Custom Shop: pela qualidade de construção e autenticidade».
E esses detalhes incluem: colagem descentrada no corpo com dois blocos de ash; par de pickups single-coil Fender Custom Shop Hand-Wound ‘58; braço tinted maple “Oval C”, tal como o perfil do instrumento original; guarda-unhas Clear e White Vinyl nos modelos “Dragon” e “Mirror”, respectivamente; ponte ‘59 top-load Tele; escala rosewood com raio de 7.25”, de acordo com os specs da época, contando com 21 trastes de tamanho vintage.
Nos modelos mais económicos, a Fender assegura que, ainda que estas guitarras não estejam autografadas ou pessoalmente pintadas por Jimmy Page, o guitarrista consultou várias vezes a Fender de forma a acompanhar todo o processo de produção, procurando assegurar-se de que as guitarras são fiéis ao modelo original. Contudo não são reproduções exactas, como os modelos Custom Shop. Os modelos de produção apresentam um braço em maple “Oval C” e corpo ‘50s Tele de dois blocos; ponte top-loader para encordoamento through-body ou top-load; pickups custom single-coil e acabamento lacado.
MIRROR TELECASTER
Este modelo é um autêntico tesouro. O acabamento, apesar de não ser tão vistoso como no modelo “Dragon”, é de uma alvura deslumbrante. Depois, a Fender teve a sensatez de não escarrapachar os espelhos circulares na guitarra, antes enviando os mesmos à parte, para serem colocados a gosto. O seu peso é dos mais impressionantes que já sentimos numa guitarra, mas se nota. É como se pegássemos numa pluma. O braço é uma brisa. Tem um excelente sentimento e permite uma agilidade e força descontraída ao puxar bendings.
O seu som… No pickup da ponte é como se pegassem numa dessas Teles dos anos 50, tivessem os graves e os médios-graves mais limpinhos, apesar de reterem o seu corpo tradicional, e os agudos, principalmente nas cordas mais finas capazes de explodir em cada nota. É quase punk! O pickup do braço tem um ataque mais suavizado, mas uma voz muito blues. A guitarra tem um tremendo ataque e uma grande capacidade de resposta à manipulação do controlo de volume. O botão de tone dá-vos uma versatilidade fora do comum, a sua variação de frequências permite mesmo simular o comportamento de um wah – claro, se tiverem as mãozinhas de predestinado do Mário Delgado, ajuda a fazê-lo.
Parece conversa de vendedor, mas há qualquer coisa diferente nesta guitarra. Apesar de não deixar de ser, basicamente, uma Tele dos anos 50 com uma intensidade sonora contemporânea. Fora da Custom Shop, é a melhor Fender Tele que já vimos em acção. É um dos melhores segredos da Fender. O seu peso (ou ausência mágica do mesmo), a sua tremenda ressonância e a fogosidade eléctrica de que é capaz tornam esta guitarra verdadeiramente extraordinária.