Quantcast


Shawbucker, A Última Fender American Standard Stratocaster

Shawbucker, A Última Fender American Standard Stratocaster

Nero

A junção de dois dos grandes vultos da guitarra eléctrica: Leo Fender e Tim Shaw. Uma Strat moderna. Uma Strat de eleição. A HSS Shawbucker foi “a última” guitarra da gama Fender American Standard.

A apresentação dos modelos American Elite e American Professional significou uma nova era na Fender. Os modelos American Standard foram descontinuados. Mas ainda vão demorar um pouco a desaparecer dos stocks por todo o mundo, foi por isso que decidimos testar um dos últimos modelos American Standard, a Strat HSS Shawbucker.

Curiosamente, a Shawbucker foi criada em parceria com um nome que se tornou lendário na Gibson. Na década de 80, Tim Shaw foi o engenheiro cujos humbuckers ressuscitaram a glória dos modelos ES-335.

Na altura, dizia-se mesmo que eram mesmo os modelos de som vintage mais próximos da excelência da marca nos anos 60. Umas décadas depois e Tim Shaw é um dos directores Fender e a sua recente criação juntou dois dos grandes vultos da história da guitarra eléctrica: Leo Fender, e o seu design Strat, e o próprio Tim Shaw e os seus novos humbuckers.

SPECS

Como manda a tradição Strat, o corpo é em alder. Depois, ao contrário de outros reissues recentes, esta guitarra possui características menos tradicionais. O braço é em maple com um perfil “C” moderno, a largura do nut é 1.685”, e a escala (25 1/2”) é em rosewood com um raio de 9.5”, preenchida por 22 trastes médio/jumbo. A ponte vibrato é sincronizada em dois pontos, com saddles em aço retorcido. Os potenciómetros são Master Volume e dois Tone (um partilhado pelos pickups de ponte e meio e um para o pickup de braço). Um switch de cinco posições permite combinar o Shawbucker (o humbucker de ponte) e os single-coil Custom Shop Fat ’50s.

O próprio Tim Shaw descreve o seu pickup e faz-lhe justiça: «Conhecia a especificação do PAF original dos modelos HSS e passei muito tempo a experimentar variações modernas. Este humbucker é fiado mais densamente na zona de output dos graves [com uma leitura de 7.05kΩ no meu medidor], o que resulta em muita clareza. Possuem um tipo de respiração muito própria, cheia. Foram fiados muito apertados para evitar feedback. Isso permite-lhes muita expressividade».

SOM & PERFORMANCE

Sem querer menosprezar os single-coil Custom Shop, é precisamente com o Shawbucker que a guitarra faz jus ao seu valor. Muito equilibrado com distorção e com uma mistura bem Mark Knopfler com o pickup do meio – com aquele brilho tão Stratocaster com um acréscimo twang. Tem que ver com o facto do humbucker possuir um circuito de volume mais amplo (500K) que os single-coil (250K), mas isso “parte” a guitarra. Sozinhos, os single-coil perdem muito output na comparação – para lá do expectável na diferença humbucker/single-coil. Algo que se nota de forma mais contundente com overdrive e que desequilibra um pouco a guitarra em termos sonoros, pois a sua resposta é sempre bastante boa.

Pode ficar uma sensação de distância com a dinâmica clássica das Strat, a ausência de algum calor. Mas se são fãs do design, se precisam de mais sumo e não querem a fúria de uma super strat, a Shawbucker permite que não se afastem tanto assim daquela suavidade sonora vintage que todos conhecemos e é capaz de soar com um “caparro” de respeito. Acaba por não ser tão “especializada”, mas é bem mais versátil.

O corpo é bem equilibrado e, é certo que se trata de gosto pessoal, estes novos braços mais finos da Fender são uma maravilha para manusear. Os trastes servem de evidência aos bons acabamentos da guitarra. A acção da ponte e o controlo permitido pelo braço permitem pronunciar bendings com facilidade, com a afinação sempre protegida.

A nova Shawbucker American Elite transporta alguns retoques nas características sonoras e traz ainda novidades de design no braço, mas as American Standard vão vendo o seu preço descer e vale a pena considerar este modelo. É uma Strat diferente, mas é uma excelente Strat.

Enfrentamos tempos de incerteza e a imprensa não é excepção. Ainda mais a imprensa musical que, como tantos outros, vê o seu sector sofrer com a paralisação imposta pelas medidas de combate à pandemia. Uns são filhos e outros enteados. A AS não vai ter direito a um tostão dos infames 15 milhões de publicidade institucional. Também não nos sentimos confortáveis em pedir doações a quem nos lê. A forma de nos ajudarem é considerarem desbloquear os inibidores de publicidade no nosso website e, se gostam dos nossos conteúdos, comprarem um dos nossos exemplares impressos, através da nossa LOJA.