O IndieLisboa 2025 já revelou a programação completa para a sua 22ª edição que decorre já de 1 a 11 de Maio em várias salas lisboetas.
A 22.ª edição do IndieLisboa – Festival Internacional de Cinema Independente está de regresso em Maio, com uma programação que volta a afirmar Lisboa como epicentro do cinema alternativo. Das longas e curtas-metragens às secções temáticas como o IndieMusic ou o IndieJúnior, o festival continua a celebrar a diversidade de vozes, géneros e geografias, com várias estreias mundiais, convidados internacionais e uma forte aposta em talentos emergentes. Mais do que um festival, o IndieLisboa é já um ritual cultural da primavera lisboeta — dentro e fora das salas de cinema.
O IndieMusic, em 2025, volta a primar pela heterogeneidade: dez filmes cujas texturas sonoras falam para várias geografias. Do flamengo ao hip-hop, da música brasileira à electrónica, esta edição celebra as histórias que moldaram a cultura musical, com estreias mundiais e retratos de ícones.
“La Guitarra Flamenca de Yerai Cortés” centra-se na vida do guitarrista natural de Alicante e é mais um empurrão de Antón Álvarez (noutras núpcias também conhecido como C. Tangana) no seu esforço de divulgação do flamenco.
Também o rap merece olhar particular nesta secção com “Filhos do Meio – Hip-Hop à Margem” de Luís Almeida, sobre o nascimento e legado do género na zona margem sul do Tejo. Este filme conta a história do rap em Almada e no Miratejo, um dos primeiros grandes focos deste género musical em Portugal. Guiados pelos protagonistas que construíram e vivem intensamente o movimento, viajamos pelas suas memórias, histórias e inspirações para conhecer os grandes marcos desta cultura na Margem Sul do Tejo — erguida num território de classes trabalhadoras reivindicativas e politizadas, com uma grande diversidade cultural no pós-25 de Abril.
Dentro do género podes ainda assistir a “It Was All a Dream” de dream hampton, sobre a era dourada do hip-hop nos EUA, aquela prolífica primeira metade dos 90s. dream hampton (que escreve o seu nome em minúsculas, como bell hooks), realizou documentários como “Surviving R. Kelly e Ladies First: A Story of Women in Hip-Hop“, mas tem as suas raízes no jornalismo de música, tendo escrito artigos influentes, incluindo sobre os primórdios da teoria feminista do hip hop. hampton mostra-nos os inícios da idade dourada do hip hop americano usando imagens de arquivo dos seus tempos a entrevistar nomes grandes como Dr. Dre, Notorious B.I.G., Snoop Dogg ou Method Man, entre 1993 e 1995.
Ainda nos EUA, mas noutra morada, podes assistir a “SLY LIVES! (aka The Burden of Black Genius)”, realizado por Questlove (The Roots), sobre a lenda do funk Sly Stone. O filme vai além desta lenda musical para explorar as dificuldades particulares que artistas negros enfrentam.
A música electrónica é outra que merece especial destaque no IndieMusic: “Move Ya Body: The Birth of House”, de Elegance Bratton, levanta o véu sobre as raízes da house; e “Paraíso” é um filme de Daniel Mota, em estreia mundial, que dança com os primeiros anos da cultura rave em Portugal.
Há mais uma estreia mundial neste IndieMusic: “Orlando Pantera”, de Catarina Alves Costa, que nos guia pelo legado do músico cabo-verdiano prematuramente desaparecido. Este filme revive o seu legado através de arquivos e encenações musicais. Apresenta interpretações contemporâneas de artistas como Mayra Andrade e Princezito, demonstrando a sua influência inspiradora sobre os músicos de hoje.
De Flávia Moraes será exibido ainda “Milton Bituca Nascimento”, em torno da digressão de despedida do pioneiro músico brasileiro Milton Nascimento.
“Monk in Pieces” é um filme sobre a visionária compositora e performer Meredith Monk – a realização é de Billy Shebar e David Roberts. Meredith Monk é uma figura excepcional enquanto compositora, cantora, performer e artista multidisciplinar, tendo influenciado artistas como Björk ou David Byrne. Monk enfrentou um mundo sexista e frequentemente depreciativo para se tornar numa reconhecida voz pioneira e única. Um filme que se apresenta como história, mas também antecipação de como sobreviverá o seu trabalho na sua ausência.
De Itália chega-nos “Canone Effimero”, um filme dos irmãos Gianluca e Massimiliano De Serio, ambientado na recolha musical e tradição oral a partir do estudo da zampogna, instrumento de sopro originário da Calábria.
Eis outro território querido do IndieLisboa: o IndieByNight é a festa depois do cinema — o copo-e-conversa, o abanar do esqueleto do festival — particularmente associada à programação do IndieMusic.
Em 2025, a Casa do Comum e o Noir Désir são os bares oficiais do festival, onde teremos DJ sets. Já no próximo dia 19 de abril, das 22h às 04h, a Festa de Antecipação decorre no Estúdio Time Out e traz-nos o universo do rap da margem sul, patente no filme Filhos do Meio – Hip Hop à Margem, de Luís Almeida. Nesta ocasião, com atuações de DJ Fellaz, Juana na Rap e DarkSunn.
No dia 3 de maio, já em pleno festival, temos a Festa Orlando Pantera, no Noir Désir, das 23h às 04h, em honra ao filme “Orlando Pantera“, de Catarina Alves Costa, sobre a vida do precocemente desaparecido músico cabo-verdiano.
Por fim, já com cheiro a fim de festival, no sábado, dia 10 de maio, temos a Festa de Encerramento, que vai decorrer no Moon Club, Prior-Velho, das 23h às 05h. Esta é inspirada pela ideia de rave na ressaca de “Paraíso”, filme de Daniel Mota que explora precisamente as origens dessa cultura rave em Portugal e que terá estreia mundial no IndieLisboa.
Podes consultar toda a programação e comprar bilhetes, aqui.
