A introdução do disco seria quanto baste para o escutar (vamos evitar o spoiler). Por princípio, nunca é uma coisa má que um novo projecto de rock nacional nos remeta para alguns dos máximos expoentes exemplos da nação, como são os Mão Morta, Ornatos Violeta, Clã ou… Já Fumega! E se o consegue fazer acrescentando carácter singular, como fazem os 47 de Fevereiro, tanto melhor. Muito melhor.
Os 47 de Fevereiro conseguem um dos grandes encantos do bom rock experimental: a capacidade de fazer coisas sérias sem prepotência.
Como uma estrutura rítmica simples e “riffalhões” como manda a lei, a banda agarra-nos facilmente e desenvolve progressões de guitarra e vocalizos entusiasmantes, com abundância de groove e um humor peculiar – e aqui há um aceno aos side projects de Mike Patton como Tomahawk e Fantômas, o mesmo que dizer que a “Luta Pela Manutenção” tem muitas coisas à Melvins. Como num bom jogo de futebol, o ritmo vai aumentando e a meio da partida atinge-se a nota artística plena, como o bloco “Vagabundo”, “Líder À Condição” e “Porcos No Sótão”.
Uma grande surpresa, este disco que cresce a cada audição. Acabe-se com a graçola óbvia: “Luta Pela Manutenção” é para enganar, este é um disco de Liga dos Campeões.