“Sawzinho em casa”. Nascidos à beira do Mondego, olharam para ele e viram o Mississippi, depois juntaram um monte de instrumentos para parecer mais real a fantasia, depois foram buscar o nome a uma música de dEUS (“Jigsaw You”) e três álbuns depois ainda aqui estão.
Depois desta introdução resumida, da inteira responsabilidade de quem a escreve, oiço o tema inicial e depressa sou levado para o Tamisa, para onde a Rainha manda, sem cair por terra a teoria “Mississippiana” e, sendo eu da opinião que comparar é sempre demasiado redutor, vejo apenas o Mondego, vejo Coimbra e a criatividade musical deste cocktail de influências que, infelizmente, poderá passar mais despercebido do que merece.
Longe vão os tempos desde o início e do boom que viveram com “Letters From The Boatman”, em que era moda ouvir coisas diferentes. Hoje também o será e faço fé que sim, apesar de saber que quantidade não é qualidade e a música dos A Jigsaw precisa de audição insistente, não por ser difícil de ouvir, mas porque contém muita informação, o que, aliás, faz jus ao nome – basta olhar para o título para ver a ironia e, ainda assim, a afronta de descobrir qual…
Um disco cheio de música, de sons e de viagens, de cartas escritas, de cartas lidas, de garrafas atiradas ao mar com mapas de tesouro, de piratas e de marinheiros sóbrios, bem ou mal dispostos, de saudosos de outros tempos e de outros sons.
Por Joaquim Martins