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Animal Collective

Centípede Hz

Domino Records, 2012-09-04

Hugo Tomé

Algures no ano de 2009, a música dos “animais” ficou mais próxima da percepção humana. E, depois do consumo generalizado de Merriweather Post Pavillion, os Animal Collective chegaram à incontornável pergunta: E agora, o que é que fazemos? Sinónimo de dilema para alguns, oportunidade para outros, para quem ao longo de mais de uma década tem pautado os seus trabalhos por uma constante experimentação, supor que Centípede HZ contrairia as linhas do seu antecessor, passou de suposição a realidade.

David Portner (Avey Tare), Noah Lennox (Panda Bear), Brian Weitz (Geologist) e Josh Dibb (Deakin), voltaram a juntar-se, e quando digo voltaram a juntar-se, digo no mesmo espaço físico. O aproveitamento da correspondência digital realizado na concepção de Merriweather Post Pavillion foi posto de lado e Centípede Hz coloca os Animal Collective juntos no mesmo local novamente, para o regresso ao seu estado primitivo de interpretação mais densa e mais imperceptível do acto de fazer música.

A procriação de estilos, sem olhar a raça ou a géneros, que a identidade dos Animal Collective cultiva está de volta e, da “quase” excêntrica “Applesauce”, à “quase” serenata de “Oh Rosie”, passando pela “quase” esquizofrénica “Moonjock”, à “quase” alucinante “Today´s Supernatural” (sublinho “quase”, pois na linguagem animal qualquer interpretação pode não ser conclusiva). Em Centípede Hz estão de volta os ambientes espaciais a pairar sobre o ar, as criaturas estranhas a invadir a atmosfera terrestre e qualquer outra espécie de alucinação que possamos ter, sem a necessidade de recorrer a qualquer tipo de estupefaciente.

Certo é dizer, que para os Animal Collective a pressão de suceder um trabalho amplamente apreciado foi a oportunidade que o colectivo aproveitou para, mais uma vez, desafiar a experimentação no caminho inverso à estagnação. Foi o atrevimento e ousadia que serviu de resposta para todas as preces e quaisquer outras suposições. E depois de Centípede Hz chega agora a nossa vez de perguntar: E depois disto, o que virá?