Baroness, Tempestades & Bonanças
2016-03-06, Paradise GarageA nova secção rítmica assinou a grande máxima de Nietzsche.
Será algo insensível dizê-lo, talvez. Será verdade, sem dúvida! A perda da sua secção rítmica e a tragédia que a banda enfrentou fez os Baroness tornarem-se perfeito exemplo da máxima de Nietzsche: «Aquilo que não nos destrói, torna-nos mais fortes». Sem qualquer intenção de menosprezar os músicos anteriores, a nova secção rítmica, composta por Sebastian Thomas e Nick Jost, revitalizou a banda.
Se essa noção era notória no novo álbum, “Purple”, tornou-se ostensiva ao vivo, no Paradise Garage. Som cirúrgico de baixo de Jost e um poder flexível de Thomas, tornam o som da banda mais maleável. Com a resposta de batida e propulsão mais “elástica” aos cruzamentos e progressões melódicas das guitarras de John Baizley e Peter Adams. Não há forma de agradar a gregos e troianos e, mesmo considerando a vitalidade na respiração da batida de Thomas e aquelas ghost notes tão à John Bonham, ter-se-á perdido a barbárie de outros tempos e que a introdução, ao som de “Anvil Of Crom”, peça de Basil Poledouris, evoca. Em contraponto, a nova agressividade subtil e “hard roqueira” vai deixando o decalque a Mastodon e emulando a excitante fúria eléctrica de Thin Lizzy – referência sugerida pelo colega Nelson Santos (TSF/LOUD!) e cheia de sentido em temas do novo álbum como “Morningstar” ou “Shock Me”, tocados de rajada.
Sala capaz de provocar desafios a técnicos de som, só se ouviu equilibrada, sensivelmente, a partir de metade da setlist, em “If I Have To Wake Up”. Um perfeito exemplo da mestria de composição e pujança de palco da banda, com até os temas midtempo a evocar uma enorme reacção a uma sala cheia e em modo “cantador”. Um espírito do público que se revelou bastante útil, pois a voz de Baizley foi perdendo fulgor a cada canção.
Como recompensa, ouviu-se duas dezenas de canções – ainda que seja impossível evitar alguma frustração por “Red” e “Blue” terem estado tão pouco presentes – afinal, é da mistura dessas cores que se chega a “Purple”. E, no final, o momento mais alto da noite terá sido “Isak”, do primeiro álbum.
SETLIST
- Kerosene
March to the Sea
Morningstar
Shock Me
Board Up the House
Green Theme
The Iron Bell
Little Things
A Horse Called Golgotha
If I Have to Wake Up (Would You Stop the Rain?)
Fugue
Sea Lungs
Chlorine & Wine
The Gnashing
Try to Disappear
Desperation Burns
Eula - Isak
Take My Bones Away