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Inóspita

Porto Santo

Inóspita, 2022-02-18

EM LOOP
  • Cubanos
  • Março
  • Taberna
Nuno Sarafa

Disco de estreia de Inóspita, “Porto Santo”, é uma homenagem àquela ilha madeirense e uma viagem tranquila em torno de uma guitarra eléctrica e uns quantos pedais de efeitos.

O “Porto Santo” da Inóspita é um lugar muito característico. Assente em terrenos sonoros frios, duros e agrestes, mas pontual e paradoxalmente macios e acolhedores, o disco de estreia de Inês Matos apela a um ambiente assaz introspectivo baseado na experimentação em torno da (praticamente solitária) guitarra eléctrica.

São sete ensaios simples, mas não simplistas. Pontuados aqui e ali com uma utilização bem doseada de reverb, delay ou flanger, efeitos que conferem a esta colecção de primeiros temas da compositora uma identidade muito própria.

Etérea, celestial, no limbo entre a tristeza e a esperança, a jovem guitarrista lisboeta arrisca aqui um exercício ainda a caminho da solidez, carregado de ambientes soturnos, solitários e quase totalmente instrumentais, reservando as únicas palavras para a canção final, “Profeta”, proferidas em tom confessional por Diogo Freitas.

As ideias estão arrumadas e o percurso traçado. “Porto Santo” não é perfeito, nem é isso que se pede. Mas não deixa de ser uma boa estreia. A produção de Primeira Dama acompanha o raciocínio musical de Inóspita, com desassombro e descomplexo, buscando um sentido estético que favorece quase sempre a dinâmica da interpretação.