Acusados do roubo de licks aos clássicos do blues afro-americano, no seu primeiro álbum, os Led Zeppelin conseguiram neste segundo disco dissipar qualquer dúvida quanto à sua originalidade e no quão influente se tornariam com o decorrer do tempo.
Hoje censura-se a velocidade a que a web obriga as bandas a trabalhar, a editar consecutivamente singles, EPs, splits, remix, etc. Mas nos anos 60 esperava-se que uma banda lançasse mais até do que um álbum por ano. Os Led Zeppelin, em 1969, depois do sucesso do seu álbum de estreia, encontravam-se nessa situação e surgiam motivados pela rapidez com que os seus concertos hiper eléctricos os fizeram passar, nos Estados Unidos, de opening act para os Vanila Fudge a headliners, com actuações alargadas que deram origem a lendas como as jam em “Dazed and Confused” ou “Communication Breakdown”.
Aliás, diz-se que muitos dos riffs de “Led Zeppelin II” surgiram espontaneamente desses improvisos em “Dazed and Confused”. O quarteto fixava um riff que gostava e procurava gravá-lo imediatamente.
Assim, “II” acabou com 9 canções gravadas em vários estúdios diferentes – uma manta de retalhos cosida pela produção Jimmy Page e a mistura de Eddie Kramer. Page estava tão apaixonado pela engenharia de Kramer nos álbuns de Jimi Hendrix como nós ficamos ao ouvir o tremendo riff de “Whole Lotta Love”. No final “II” passou pelos Olympic Studios e Morgan Studios, em Londres; A&M, Quantum, Sunset, Mirror Sound e Mystic Studios, em Los Angeles; e A&R e Juggy Sound, em NYC. A mistura teve lugar também nos A&R Studios.
Acusados do roubo de leaks aos clássicos do blues afro-americano, no seu primeiro álbum, os Led Zeppelin conseguiram neste segundo disco dissipar qualquer dúvida quanto à sua originalidade e no quão influente se tornariam com o decorrer do tempo. Ainda que a imprensa não tenha amado imediatamente o disco, ele acabou por tornar-se axiomático na história do rock n’ roll ou do hard rock, como já se começava a apelidar o som da banda. Junto do público o sucesso foi imediato – o disco foi editado a 22 de Outubro de 1969 e em Novembro já atingira o “Ouro” nos Estados Unidos, país em cuja Billboard conseguiu mesmo desalojar por duas vezes “Abbey Road” (Beatles) da primeira posição. No UK apenas encimaria a lista em Fevereiro de 1970.
A virilidade de “Led Zeppelin II”, o seu experimentalismo e a força demolidora do álbum, que conjugava a electricidade febril da voz de Plant e das guitarras de Page com a brutalidade das pancadas de John “Deus” Bonham e o pulsar de John Paul Jones, confirmou os Led Zeppelin como a melhor banda de sempre para muito boa gente. E acreditem, se herdaram este álbum do vosso pai e o ouvem desde o dia em que aprenderam a mexer num gira-discos, será muito provável que sejam gente boa.
O som “roubado” ao blues mantém-se neste álbum, mas a irascibilidade de “Whole Lotta Love”, aquele misticismo Ledder de “Thank You” (quase um preâmbulo a “Stairway to Heaven”), o balanço de “Heartbreaker” ou o épico “Moby Dick” são pegadas de gigantes cujas réplicas ainda hoje fazem estremecer as fundações da Terra.
É um dos álbuns que listamos e cuja história contamos nos melhores de sempre nestes 50 anos de hard rock. Tudo no novo coleccionável impresso: https://