Cada vez mais é uma corrente estética muito própria, esse eixo sonoro Haus-Riding Pânico-Paus-Linda Martini. A promiscuidade entre as bandas está claramente exposta, no melhor sentido possível, neste disco. E, no entanto, no seu quinto álbum, os Linda Martini continuam a definir um dos seus mais peculiares traços de carácter. O espírito de auto-digladiação que existe dentro da própria banda, dos seus músicos e das suas composições.
Linda Martini é uma batalha entre melodia e agressividade, entre pop e punk, progressividade e hardcore.
A experimentação sempre fez parte das composições da banda, tal como a vertente mais directa da música. E a banda sempre soube fazer a osmose das suas formas heterogéneas para um corpo homogéneo. Talvez por isso, os Linda Martini tenham decidido dar o seu próprio nome ao álbum. “Linda Martini” dá corpo a essa batalha entre melodia e agressividade, entre pop e punk, progressividade e hardcore.
Com um ritmo de cortar a respiração até à ruptura dinâmica imposta em “Domingo Desportivo” e que prossegue em “Cor de Osso” e “Semi Tédio dos Prazeres”, voltando o frenesim em “Quase Se Fez Uma Casa”, a produção peca um pouco na intransigência de volume, que permite pouca respiração sonora instrumental. Está tudo no prego, quase sempre. Mas essa fúria é quem são os Linda Martini e consequentemente revela aquele que é o mair atributo do álbum, a honestidade visceral que os músicos conseguem transmitir em cada momento de execução.