“Melodrama”, o segundo álbum da neozelandesa, consagrou Lorde como uma das mais brilhantes arquitectas da pop contemporânea. Uma pérola de de beats estranhos e off notes.
O segundo álbum de Lorde enfrentava a pesadíssima herança de “Pure Heroine” e do super single “Royals”. Na história da música não existem tantos artistas que, após um álbum de estreia tão impressionante, tenham conseguido criar um segundo álbum tão deslumbrante e imediatamente reformulado a sua sonoridade, desde logo, tornando-a mais upbeat.
A neozelandesa prometia fazer-nos dançar, simplesmente, e conseguiu, naturalmente, apetece dizer! Produzido por Lorde, Jack Antonoff e Frank Dukes, o álbum foi gravado entre o apartamento de Jack e os lendários Electric Lady Studios.
Ella Marija Lani Yelich-O’Connor abordou ainda a feitura de “Melodrama”: «Passei o dia em que foi editado a montar um puzzle no meu quarto de hotel em NY. Sentia-me esvaziada, não tinha ainda a noção de que fazer um disco te preenche e depois te esvazia… Para te preencher novamente».
O álbum é descrito pela autora descrito como uma trajectória durante uma festa em casa. «Numa festa há aquele momento onde aparece uma grande canção e ficas eufórica, e depois, mais tarde, vem aquele momento em que estás sozinha na casa de banho, a olhar para o espelho, e pensas que não estás com bom aspecto e começas a sentir-te horrível».
“Melodrama” torna a pegar em assuntos banais e alguns clichés rítmicos e melódicos da música pop, servindo-os, tal como em “Pure Heroine”, com uma autenticidade desarmante. Ao mesmo tempo que são integrados novos utensílios instrumentais, ainda que a ultra dependência da sintetização possa ser apontada como a única falha do álbum, tal como no primeiro.
Ao mesmo tempo, o seu uso é feito com mestria exótica, grande parte da música de Ella é composta por acidentes, off notes, criando os estranhos e cativantes balanços.
Ben Barter [bateria] e Jimmy Mac [sintetização] são os acólitos perfeitos para a voz da jovem Ella Marija e foram os músicos que gravaram os dois primeiros álbuns e desde então a acompanham em digressão. Em 2017, na NAMM desse ano, a AS falou com o baterista em Anaheim, Los Angeles. Uma entrevista que podes recordar AQUI.