Lusitânia Old School
Para os presentes esta foi uma viagem no tempo com três bandas que têm já décadas de existência e que continuam a ter a garra, a energia e a presença necessárias para transformar uma noite simples numa intensa noite de metal.
A primeira banda a subir ao palco foi Gárgula. Composta pelo anterior vocalista de Alkateya, João Pinto, continua a ser considerada por muitos como uma continuação daqueles visto que, mesmo com esta nova formação, novo nome e novos temas, as suas raízes estão bem vincadas e continuam a tocar os clássicos da banda anterior. Abriram o concerto com “Fire & Wind” e logo a seguir regressaram ao passado com “Exodus”, tema de Alkateya de 1986. Os riffs e os solos de guitarra com aqueles pequenos toques inconfundíveis do Cry Baby, continuam a ser uma característica comum entre esta banda e a antecessora, mas os solos do baixista e a sua energia em palco trouxeram algo de inovador e cativante. João Pinto, de capacete de aviador na cabeça, seguiu para o tema seguinte e a partir daí a sua viagem no tempo, onde o espírito heavy metal foi constante, passou pelos clássicos “Starriders” e “Face To Face” (Alkateya).
Após um intervalo de 15 minutos foi a vez de Tarantula pisar o palco. A banda que fará este ano 31 anos de existência e que continua activa, comprova o porquê quando os vimos e ouvimos em palco. Grande presença, voz e melodias cheias de intensidade e poder. Começaram com “Dream Maker” do álbum de 2001 com o mesmo nome, seguido de “Not the End”. Seguiram-se ainda três temas do álbum de 2001 e a simpatia do vocalista Jorge e a energia que emanava do palco fez-se sentir. O público cantava e vibrava ao ritmo da música. Após uma pequena pausa para afinação de guitarra foi a vez de apresentar ao vivo em Lisboa o último álbum da banda, “Spiral of Fear”. Após os agradecimentos às bandas presentes terminaram com “Face The Mirror” do álbum de 1998, “Light Beyond The Dark”.
Pouco antes da meia-noite foi a vez de Ibéria, a banda que fará 25 anos de existência este ano, começar um concerto enérgico, cheio de atitude e hard rock de qualidade. Todos os membros da banda emanavam uma presença e força que fez o público aproximar-se mais do palco e foi junto com o público que deram início ao final da noite. Começaram com “Revolution”, tema do seu último álbum do ano passado com o mesmo nome. Esse foi o álbum de destaque, do qual tocaram seis temas, sem dúvida a ser escutado por quem ainda não o fez. Músicas de grande qualidade técnica e domínio. Os riffs de guitarra, o pequeno toque do slide na música “Angel”, o ritmo e o som do baixo complementavam-se na perfeição com a voz do vocalista, Miguel. Após a música “She Devil”, tiveram de fazer uma curta pausa por problemas técnicos, mas o regresso foi de tal forma rápido que praticamente não se fez sentir. Tocaram “Heroes” do seu segundo álbum que foi seguido de um solo de bateria eficaz e enérgico terminando com ovação por parte do público. Para finalizar tocaram a balada “Lady In Black”, seguida de “Unfaithful Guitars”, dois temas do seu primeiro álbum de 1988. Foi com esta música que o vocalista se despediu, mas os restantes músicos ficaram em palco. Após a instrumental “India” tocaram ainda mais dois temas no encore, “No Pride” e “Hollywood”.
Ibéria tinha ainda uma surpresa reservada para o final e foi a vez de chamarem ao palco as outras duas bandas dessa noite. João Sérgio, o baixista de Ibéria, aproveitou o curto tempo de preparação para as três bandas tocarem juntas, para dizer algumas palavras de agradecimento final e foi num ambiente de festa, de satisfação e com o espírito Rock bem presente que as três bandas tocaram e cantaram juntas “Smoke On The Water” dos Deep Purple.
Este foi um evento bem organizado cujos horários cumpridos, intervalos curtos e a qualidade a nível do som foram dignas de destaque, assim como o espírito de empatia por parte dos músicos e a ligação que criaram com o público. Sem dúvida um evento como deveria existir muitos.
Por Miriam Mateus [http://songs4deaf.blogspot.com/]