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Mastodon

2012-01-22, Coliseu dos Recreios, Lisboa
Redacção

O álbum “Murder the Mountains” foi bastante falado durante os últimos dois anos, conduzindo as atenções a um nome engraçado – Red Fang. Foi com eles que um Coliseu muito bem composto começou a ir abaixo, pontualmente às 21h00. Um bom presságio para uma noite que iria certamente ser bem passada.

Há bandas que nos surpreendem ao vivo, e Red Fang foi uma delas. Com uma sonoridade tipicamente stoner, é inevitável compará-los a uns Kyuss. Conquistaram o público em 45 minutos apenas, com riffs perfeitos, refrões memoráveis e uma prestação excelente por parte do baterista. Ficamos à espera que voltem a pisar os nossos palcos numa outra oportunidade, pois esta é, sem dúvida, uma banda feita para os ouvidos portugueses.

Num pequeno entretanto, ninguém tirava os olhos do pano de fundo que já estava no palco – a capa de “The Hunter”, que seria o álbum da noite. Contudo, os Mastodon souberam saciar os ouvidos de todos os presentes, com uma setlist que viajou pelos 5 álbuns da sua carreira.

Do “Remission” até este último, é de destacar a evolução da banda. Os Mastodon conseguiram provar que estão cá pela música, e para conseguirem sempre o melhor a nível técnico, conceptual, e de composição – o que vai deixando para trás a parte mais “humana” enquanto banda. Isto é algo que inevitavelmente o público sente quando vê a banda ao vivo. Homens de poucas palavras, e pouco show, vão debitando riffs e breaks sem fim, saciando os ouvidos dos mais acérrimos. Contudo fica sempre aquela sensação de que algo não está bem… de que falta uma peça no puzzle. Uma sensação estranha de que mais valia ouvir os álbuns nos headphones bem alto, e o efeito seria o mesmo.

No entanto, este concerto no Coliseu de Lisboa provou que, afinal, vale a pena ver Mastodon ao vivo. Troy Sanders deu vida ao palco, e o baterista Brann Dailor não se cansou de puxar pela audiência. Faltou diálogo, contacto com os fãs, mas o que é certo é que todos estávamos ali…  pela música. Siga!

“Dry Bone Valley” deu início a uma corrente de músicas que parecia não parar; um debitar de temas incontrolável que não deixou ninguém parado. “Crystal Skull”, “I Am Ahab”, “Capillarian Crest”, “Colony of Birchmen” foram as primeiras viagens até aos memoráveis “Leviathan” e “Blood Mountain”.

Com um som equilibrado, ainda assim notaram-se algumas falhas na sua qualidade. Em termos vocais, Troy Sanders mostrou um melhor desempenho, considerando as actuações anteriores, no entanto terá sido o pior som da noite. Foi completamente “abafado” pelas vozes de Brent Hinds e Brann Dailor. Bill Kelliher, foi sem dúvida o membro mais discreto da noite.

Notável a prestação de Brann Dailor e o seu talento impressionante como baterista – uma actuação perfeita, digna de álbum, sem qualquer erro ou engano. Um prestação perfeita, mas demasiado carregada a nível sonoro, uma vez que o som da bateria sobrepôs-se ao resto dos instrumentos durante as duas horas de concerto. Seria de esperar um melhor equilíbrio, e uma melhor qualidade… afinal, estávamos no Coliseu de Lisboa!

“Iron Tusk”, “Blood and Thunder” iam conduzindo ao final do concerto, e foi com “March of the Fire Ants” (único tema de “Remission”) que o público vibrou. A setlist fecha com “Creature Lives” do último disco, e a despedida é feita com a frase “see you next Summer”. Teremos Mastodon de volta no Verão?

De volta, ou não, o facto é que os Mastodon são sempre bem vindos à nossa casa. Com uma técnica brilhante, e com 5 álbuns excepcionais na bagagem, esta será uma daquelas bandas que vai ficar certamente marcada na história da música. São já mestres, com dom.

Por Liliana Alves