Quantcast
MEO Marés Vivas: A Família de Morcheeba e a Familiaridade de Sting

MEO Marés Vivas: A Família de Morcheeba e a Familiaridade de Sting

2019-07-21, Meo Marés Vivas, Vila Nova de Gaia
Emanuel Ferreira
Emanuel Ferreira
8
  • 7
  • 6
  • 8
  • 6
  • 7
  • 8
  • 8
  • 8
  • 9

Mais um dia de Marés Vivas com destaques da boa música portuguesa e aquele que todos queriam ver. Sting meteu-se muito com o catálogo dos Police.

Curioso como, num festival destes, praticamente urbano, a mudança de artistas, proporciona uma completa viragem de público. A maturidade da audiência de Sting, mesmo que este abrangesse um espectro largo, implicou outro tipo de público que no dia anterior.

Implicou mesmo outro género de artistas, como Maria Bradshaw que trouxe “Quero Mais”, entre outros temas inéditos a incluir no seu álbum de estreia. Bradshaw ainda precisa de se encontrar, procurar o invólucro certo para a voz, porque essa, é fabulosa e está lá. Sintomático o tirar os sapatos altos, logo ao terceiro tema, para se sentir confortável. E assim arrancou uma interessante versão de “Sweet Dreams Are Made Of This”, dos Eurythmics.

Um ponto a ressaltar nesta edição do MEO Marés Vivas foi o destaque à boa música portuguesa que se vem fazendo. Isto recorrendo a nomes emergentes, como o caso de Tiago Nacarato, a jogar em casa, mas trazendo também as influências do berço, o Brasil. Rodeado de dez músicos, o também guitarrista ofereceu um conjunto de temas, muitos inéditos, que mistura um certo tropicalismo com pop portuguesa. Tal como Maria Bradshaw no palco Santa Casa, também este artista ainda tem álbum por estrear.

MORCHEEBA

Seguiram-se os Morcheeba, ou melhor, Skye & Ross from Morcheeba. Desde logo se fez notar uma Skye Edwards irrepreensível, elegante e a respirar charme, mas musicalmente tudo estava bem seguro por Ross Godfrey a assumir protagonismo na guitarra, numa formação que é hoje quase uma família, com Skye a colocar o filho, Jaega, na bateria, e o marido, Steve Gordon, no baixo. Mesmo assim, sem a formação inicial, foi interessante escutar estes percursores do trip hop, que ao vivo se aproximaram bastante de alguns momentos de Pink Floyd.

Quase sempre contida, Skye não hesitou em um berro, «Are you ready?», para introduzir “Let’s Dance”, de Bowie, no momento mais agitado da actuação. Mais para o final, junto às teclas, ainda lançou um cheiro de “Summertime”, sem concluir o tema.

STING

Não há como esconder, bastava olhar em volta, todos estavam ali por Sting, Gordon Sunmer, quase 68 anos de idade. E poderia ter sido apenas Sting, com hits suficientes no bolso para dar um concerto memorável, mas nesta digressão houve também The Police, logo a arrancar com “Message in a Bottle”, e isso subiu a fasquia um bom bocado. Não que a carreira de Sting, alguma vez se tivesse feito escondendo o passado, mas neste concerto o peso foi maior que o habitual, algo que faz todo o sentido face aos temas revisitados em “My Songs”, editado este Maio.

Secundado por dois excelentes guitarristas, Dominic Miller e Rufus Miller, um bom coro e Josh Freese na bateria, o baixista e vocalista nem parecia alguém que teve concertos cancelados por doença, mostrando estar em boa forma. Tudo coeso, sem momentos de “encher chouriços” e um público rendido, sempre a cantar os refrões. Bonito de se ver e ouvir. No balanço final, ganharam os The Police, naturalmente.

Já a noite ia avançada e muitos debandavam para um longo caminho até aos carros, quando subiram ao placo os HMB, que entretanto tinham preenchido quase todo o espaço com um insuflável gigante com as suas iniciais. Audiência mais jovem e muita energia em palco, com uma soul muito portuguesa, vozes tão jovens quando sólidas e muita alegria (num completo oposto da experiência no Cooljazz), encerrando assim mais uma edição do festival MEO Marés Vivas.

SETLIST

  • MORCHEEBA: Never Undo, Friction, Never an Easy Way, Otherwise, The Sea, Trigger Hippie, Blaze Away, Blood Like Lemonade, Let’s Dance (David Bowie), Blindfold, Let Me See, Rome Wasn’t Built in a Day
  • STING: Message in a Bottle, If I Ever Lose My Faith in You, Englishman in New York, If You Love Somebody Set Them Free, Every Little Thing She Does Is Magic, Brand New Day, Seven Days, Fields of Gold, Shape of My Heart, Walking on the Moon, So Lonely, Desert Rose, Roxanne, Demolition Man, Can’t Stand Losing You, Every Breath You Take, King of Pain, Next to You, Fragile