Quantcast
NOS Alive 2022: Da Weasel e o Regresso (en)cantado da Doninha

NOS Alive 2022: Da Weasel e o Regresso (en)cantado da Doninha

2022-07-09, NOS Alive, Lisboa
Rodrigo Baptista
Inês Barrau
9
  • 9
  • 9
  • 10
  • 8

Após um hiato de 12 anos, os Da Weasel regressaram, finalmente, aos palcos para uma one night stand (será?).

Estávamos em 2009, mais precisamente a 19 de Julho, quando os Da Weasel deram o (pen)último concerto que, segundo o site setlist.fm, decorreu no estádio nacional em Oeiras. Na altura, a ideia era apenas sair da estrada com o intuito de preparar, ao longo de 2010, aquele que viria a ser o sucessor do clássico “Amor, Escárnio e Maldizer” (2007). Contudo, e sem nada que o fizesse prever, esse oitavo registo de estúdio acabou por nunca ver a luz do dia e pouco tempo depois, em Dezembro de 2010, os Da Weasel anunciavam inesperadamente a cessação das suas atividades.

Ao longo dos nove anos que se seguiram, os Da Weasel, cuja formação contava (e conta) com Miguel Negretti  (DJ Glue), Pedro Quaresma (Quakas), Guilherme Silva (Guillaz), João Nobre (Jay-Jay Neige) Carlos Nobre (Pacman/Carlão) e Bruno Silva (Virgul), caíram, naturalmente, no esquecimento da grande maioria do público que os acompanhava de uma forma superficial, sendo que, apenas os vocalistas Virgul e Carlão conseguiram manter-se na ribalta ao construir sólidas carreiras a solo.

Ainda assim era espectável que, mais tarde ou mais cedo, a saudade, esse sentimento tão próprio da alma lusitana, fosse bater à porta dos Da Weasel. E assim aconteceu.

Se na China, 2019 foi o ano do porco, em Portugal foi o ano da doninha. Ano que se revelou de celebração para assinalar o fim de um longo período de hibernação. O mote estava dado pela Everything is New e pelo NOS Alive, era agora tempo de limpar o pó dos instrumentos e regressar à “garagem” para, durante os próximos meses, recordar e ensaiar intensivamente todos aqueles temas que já estavam no esquecimento da memória muscular dos Da Weasel, mas não da memória cerebral dos fãs. Contudo, e dadas as anormais circunstâncias provocadas pela pandemia, todo o esforço realizado ao longo daqueles últimos meses acabaria por levar não um, mas dois abalos, provocados pelos adiamentos das edições de 2020 e 2021 do festival de Algés. Mas, se por um lado os fãs desesperavam por verem o seu reencontro com os Da Weasel retardado, por outro, a banda reconhecia nestes adiamentos uma oportunidade para aperfeiçoar o concerto exclusivo, agora previsto para 2022.

Entretanto os astros alinharam-se e no dia 9 de Julho, às 21:00 em ponto as seis doninhas subiram ao palco NOS, perante uma plateia esgotada, para levar os muitos millenials presentes no Passeio Maritimo de Algés numa viagem que cobriu o espectro temporal 1995-2007. “Loja (Canção do Carocho)” foi o tema que abriu a noite, colocando desde logo à mostra não só toda a exuberante produção visual que a banda preparou especialmente para este concerto, mas também comprovando que a “máquina” se encontra bem oleada.  Pacman e Virgul são naturalmente a face da banda, e no Alive provaram ser verdadeiros mestres de cerimónias com capacidade para comandar multidões.

Seja reggae, hip-hop ou rapcore, no Alive ficou vincado que a doninha ainda domina todas essas formas musicais.

Já temas como “Duía”, “Carrossel (Às vezes dá-me para isto) ou “Bomboca (Morde a bala) relembraram-nos que os Da Weasel sempre foram uma banda experimental. Seja reggae, hip-hop ou rapcore, no Alive ficou vincado que a doninha ainda domina todas essas formas musicais. Inevitavelmente, e como já seria de esperar, “Dialectos de Ternura” e Re-tratamento” foram as duas faixas que provocaram maior euforia por parte do público. Entre palmas a compasso e refrões entoados a cappela conseguimos comprovar que estes dois êxitos radiofónicos conseguiram passar no teste no tempo. “Adivinha quem voltou”, esse hino dos primórdios dos anos 2000 surgiu na reta final de um concerto que bateu a 1h:30m, mas pareceu algo deslocada, ou fomos só nós que ficámos a achar que merecia honras de abertura? Já o hip hop old school de “God Bless Johnny” foi a ponte perfeita para “Tás na boa”, o final explosivo que os Da Weasel proporcionaram a um público que ainda não estava preparado para dizer adeus à doninha. Mas era mesmo o fim.

As despedidas foram demoradas e acompanhadas pelo som de palmas, assobios e cânticos calorosos, já em palco os abraços sentidos, bem como os olhares emocionados transpareçam a sensação de missão cumprida. Se este foi ou não o último concerto dos Da Weasel não interessa, pois independentemente do futuro, o que fica é o carinho e respeito que os portugueses têm por estes seis rapazes de Almada e por tudo o que eles fizeram pela música portuguesa.

SETLIST

  • Loja (Canção do Carocho)
  • A Essência – Vem Sentir
    Força (Uma Página de História)
    Dúia
  • Interlúdio (DJ Glue)
    Jay
  • Carrossel (Às Vezes Dá-me Para Isto)
    Dialectos da Ternura
    Bomboca (Morde a Bala)
    GTA
    Casa (Vem Fazer de Conta)
    Mundos Mudos
    Niggaz
  • O Puro
    Outro Nível
    Pedaço de Arte
    Re-Tratamento
    Bora Lá Fazer a P*** da Revolução
    Todagente
    Toque-Toque
    Adivinha Quem Voltou
    God Bless Johnny
    Tás na Boa