Outra vez alt-j
2017-07-06, NOS Alive, Passeio Marítimo de AlgésA relação entre a instituição dos alt-J e a do NOS Alive é uma que se tornou, por esta altura, quase aborrecida. Das 5 visitas da banda a Portugal, três delas passaram pelo Passeio Marítimo de Algés, pelo que a sua presença já se vem tornando, ano sim, ano não, mais ou menos expectável.
Não se pode dizer que seja, da parte da organização, a estratégia mais ambiciosa ou aventureira, mas o facto é que tem trazido, ano após ano, farta plateia ao recinto do festival para testemunhar a banda que parece não perder popularidade – e este ano não destoou.
A diferença parece residir no facto de, após incontáveis histórias de desapontamentos e expectativas frustradas, e ao contrário do que os testemunhos dos seus espetáculos fariam esperar, o trio ter dado, efectivamente, um bom concerto. Estranhamente bom, diria mesmo, tendo em conta essa reputação de incompetência ao vivo que tão vincadamente colheram, mas não em desacordo com a pop dinâmica, esdrúxula e, por isso mesmo, marcadamente identitária que os tornou famosos. A mistura bem calibrada (e incomum para o Palco NOS) de som evidenciava bem as melhores qualidades dos britânicos que, não sendo propriamente os mais animados em palco, não podem ser acusados de muito mais: executaram, pela maior parte, impecavelmente os seus temas; souberam equilibrar bem o repertório dos seus três discos, sem negligenciar o mais recente “Relaxer” (“3WW”, “In Cold Blood”), mas dando a atenção merecida a “This is All Yours” (“Nara”, “Left Hand Free”) e a “An Awesome Wave” (“Matilda”, “Fitzpleasure” ou a encerradora “Breezeblocks”); e, por isso mesmo, tiveram o público no bolso desde o primeiro momento.
É fácil denegrir ou ridicularizar os alt-J, e a internet está repleta de momentos que o confirmam. Mais difícil é, tendo ou não especial apreço pela sua música, reconhecer o bom trabalho que fazem (ou, dando o benefício da dúvida, fizeram neste NOS Alive) perante os seus fãs. E quanto a isso, poucas dúvidas ficam.